Abstract

Este texto é uma proposta de reflexão em três partes sobre o tema “roupa” em O Livro de Travesseiro, de Sei Shônagon (Japão, séculos X–XI), discutindo a importância dos fazeres relacionados ao têxtil na sociedade aristocrática japonesa da Antiguidade; as suas ressonâncias no contexto da moda no século XX; e a maneira como a metáfora escritura-corpo-vestimenta atualiza-se e amplifica-se na adaptação do livro para o cinema. No livro, texto, têxtil e memória confundem-se, formando uma metáfora complexa que é também um comentário sobre a condição feminina na Corte Imperial de Heian. A adaptação da obra para o cinema (O Livro de Cabeceira, de Peter Greenaway, 1996) conta com a colaboração do designer desconstrutivista Martin Margiela, e acrescenta novas camadas interpretativas a esse aglomerado de imagens relacionadas aos atos de escrever, tecer, ler, traduzir, adaptar e desconstruir. O caráter fragmentário da obra literária pode ainda ser lido como em diálogo com o jornalismo de moda do século XX. O ideal estético do okashi, da literatura clássica japonesa, encontra eco no conceito de pizzazz, de Diana Vreeland, assim como no esteticismo da poética modernista. A roupa como metáfora do texto e a ideia de que roupa é texto estão presentes nesses três momentos interpretativos.

Highlights

  • Text and textile in The pillow book abstract: This text is a three-part reflection upon the theme of “clothing” as it is found in a literary work of Ancient Japan — on the importance of garment-making skills as a device for the production of difference in the context of the Imperial Court; on how the theme from the book resonates in the context of 20th century fashion; and on how it is brought up to date and amplified, working as a metaphor for writing, in the film adaptation of the ancient text

  • Clothing as a metaphor for text and the idea of clothing as text are present in those three interpretative moments

  • Makura no Sôshi — Nihon Koten Bungaku Zenshû, v.18

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Summary

Julgando pela aparência

Diana Vreeland, a influente editora, de 1963 a 1971, da revista Vogue, tinha uma documentada predileção por O Livro de Travesseiro. Temos a apresentação que fez Donald Keene (professor da Universidade de Columbia e autor da mais importante História da Literatura Japonesa escrita por um estrangeiro) para um trecho da tradução de Waley que foi incluído em uma antologia pertencente à série de textos clássicos da UNESCO (a primeira edição é de 1955):. O texto de Keene (que, eu acredito, seria completamente diferente se escrito em um momento posterior de sua carreira) hoje soa muito condescendente, como se ele achasse necessário pedir desculpas pelo humor de Sei Shônagon — e como se o humor fosse um modo menor, mas nisso ele não está sozinho. É como se, com seu estilo bastante jovial, próximo do coloquial, ela estivesse longe do elevado e do sublime

Roupa e memória
Para arrematar
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