Abstract

No presente texto, pretendemos refletir sobre experiências do sagrado numa das mais antigas instituições religiosas de Santa Catarina, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos em Florianópolis (SC). Nele ressaltamos como, em diferentes épocas históricas, irmãos e irmãs do Rosário vivenciaram a Irmandade e sua Igreja como um território do sagrado. Este trabalho é resultado de mais de uma década de pesquisa sobre a referida Irmandade, desde 2001, para a tese de Paulino Cardoso intitulada “Negros em Desterro: as experiências das populações de origem africana em Florianópolis” (2008), passando pela investigação do projeto de pesquisa “Irmandades e Confrarias Católicas de Africanos e Afrodescendentes em Desterro no século XIX” (2005), até a publicação da dissertação de Karla Leandro Rascke, sob forma de livro, com o título “Irmandades negras: memórias da diáspora no sul do Brasil” (2016). Entre um e outro, um imenso esforço de transcrição de documentos do acervo da Irmandade pelos membros do Grupo Pesquisa “Multiculturalismo: Estudos Africanos e Afrolatinoamericanos” (CNPq), que permitiu produzir diferentes trabalhos de conclusão de curso, monografias de especialização, dissertações de mestrado e tese de doutorado sobre o tema, trazendo à historiografia catarinense e brasileira um novo olhar sobre as irmandades afro. Nas reflexões produzidas, salta aos olhos a longevidade da instituição religiosa, associada ao poder de flexibilizar-se diante das dificuldades impostas pelas diferentes correlações de forças no tempo, sem perder aspectos importantes para o grupo, como a solidariedade com os desvalidos, o culto aos mortos e a incrível capacidade de situar seus devotos no mundo.

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