Abstract
Introdução: O carcinoma espinocelular cutâneo é o segundo cancro cutâneo mais comum e a sua incidência tem crescido. O objetivo do nosso estudo foi realizar uma análise descritiva e analítica dos carcinoma espinocelular cutâneo excisados no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNGE) num período de 10 anos e estabelecer tendências (incidência, sobrevida e mortalidade).Materiais e Métodos: A informação foi retrospetivamente recolhida nos Registos Oncológico e Histológico do CHVNGE entre o período de Janeiro de 2004 e Dezembro de 2013. O objetivo do nosso estudo foi descrever as características e tendências (incidência, associação a queratoses actínicas e carcinomas basocelulares, sobrevida e mortalidade) do carcinoma espinocelular cutâneo.Resultados: Foram removidas 485 lesões em 380 pacientes (56,1% homens e 43,9% mulheres). 361 pacientes apresentavam doença invasora e 124 doença in situ. O serviço de Dermatologia removeu a maioria das lesões (70,4%), seguido pelo serviço de Cirurgia Plástica (16,4%) e Cirurgia Geral (4,7%). A faixa etária ≥ 75 anos foi a mais atingida por carcinoma espinocelular cutâneo em ambos os sexos (p < 0,001). A média de idades dos pacientes com carcinoma espinocelular cutâneo invasor foi de 76,7anos (± 11,5), sendo mais elevada no sexo feminino (79,0 vs 74,0 anos, p < 0,001). A face foi a localização topográfica mais comum (42,1%) nos dois sexos (p = 0,002). Houve um aumento da taxa de incidência ajustada à idade em ambos os sexos, particularmente no último período do estudo (16,2/100 000 pessoas). A sobrevida aos 5 anos foi de 98,7%. A idade média do carcinoma espinocelular cutâneo in situ foi inferior à da doença invasora (75,5 anos ± 11,3). Dos doentes com carcinoma espinocelular cutâneo in situ, 20,6% tinham antecedentes de carcinoma basocelular e as mulheres apresentaram mais queratoses actínicas (p = 0,040). A face foi o local mais comum (30,8%). A taxa de incidência de carcinoma espinocelular cutâneo in situ aumentou, sendo maior nas mulheres e na faixa etária ≥75 anos.Conclusão: Este estudo demonstra um rápido aumento da incidência do carcinoma espinocelular cutâneo numa população portuguesa envelhecida e realça a necessidade de melhorar os registos oncológicos em Portugal.
Highlights
Cutaneous squamous cell carcinoma is the second most common skin cancer and its incidence has been rising
485 cutaneous squamous cell carcinoma were surgically removed in a total of 380 patients (56.1% men and 43.9% women). 361 patients presented invasive cutaneous squamous cell carcinoma and 124 in situ cutaneous squamous cell carcinoma
Cutaneous squamous cell carcinoma was more prevalent in the age-group ≥75-years in both sexes (p < 0.001).The mean age of invasive cutaneous squamous cell carcinoma was 76.7 years (±11.5 years), women being older than men (79.0 vs 74.0 years, p < 0.001)
Summary
Manuel António Campos[1,2,4,5], António Massa[1], Paulo Varela[1], Ana Moreira[1], Agostinho Sanches[3], Helena Pópulo[4,5], Paula Soares[2,4,5,6] e Armando Baptista1 1Serviço de Dermatologia, Centro Hospitalar de Vila Nova deGaia/ Espinho (CHVNGE), Portugal 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Porto, Portugal 3Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar de Vila Nova deGaia/ Espinho(CHVNGE), Portugal 4Instituto de Patologia e Imunologia Molecular, Universidade do Porto (IPATIMUP), Porto, Portugal 5Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Universidade do Porto (i3S), Porto, Portugal 6Serviço de Patologia e Oncologia, Faculdade de Medicina do Porto, Porto, Portugal. O objetivo do nosso estudo foi realizar uma análise descritiva e analítica dos carcinoma espinocelular cutâneo excisados no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNGE) num período de 10 anos e estabelecer tendências (incidência, sobrevida e mortalidade). É urgente caracterizar o CEC epidemiologicamente e molecularmente, uma vez que é responsável por 20% das mortes associadas a cancro cutâneo.[11] O objetivo do nosso estudo foi realizar uma análise descritiva e analítica dos CEC excisados no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNGE) num período de 10 anos e estabelecer tendências (incidência, sobrevida e mortalidade). Uma vez que o CHVNGE tem uma das maiores áreas de referenciação em Portugal, com cerca de 700 000 habitantes a referenciarem diretamente para este Serviço de Dermatologia, e o facto das políticas de referenciação não terem sido constantes ao longo dos 10 anos, no cálculo de tendências foram apenas incluídos os pacientes residentes no concelho de Gaia. Tabela 1 - Número de lesões por paciente da nossa série
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