Abstract

O artigo busca analisar como o enunciador de Veja, a principal revista semanal brasileira, coloca em discurso o tema da tecnologia. O texto parte das seguintes hipóteses principais: a) em Veja predomina uma visão de mundo calcada no determinismo tecnológico; b) a tecnologia é discursivizada como uma estratégia para a construção de um futuro que, em síntese, tende a reproduzir as relações sociais do presente c) a tecnologia atua como despontencializadora das possibilidades de transformação social. A pesquisa aponta indícios claros no sentido de confirmar as hipóteses; de fato, Veja constrói uma visão apologética do desenvolvimento tecnológico que prefigura uma imagem determinista do futuro como desdobramento de um presente fechado ao "acontecimento", entendido no sentido de Alain Badiou. A análise discursiva, incidindo em dois momentos temáticos, aponta duas tendências principais: a) colonização do futuro: o futuro tecnológico é construído nas reportagens de capa (1968-2010) para legitimar relações hegemônicas codificadas (Feenberg) nos aparatos tecnológicos; b) despotencialização do acontecimento: a visão prefigurada do futuro congela a imprevisibilidade/acaso de um presente que poderia engendrar transformações políticas, operando uma sutura em lugar de ponto nodal (Laclau), que poderia ter efeitos disruptivos na ordem do capital. Conclui-se, assim, que o ponto de possível ruptura representado pela potencial da tecnologia é convertido em "ponto de tamponamento" (Žižek), a partir do qual o discurso do determinismo tecnológico reconstrói permanentemente o social pela lógica do Capital. O artigo aciona, como referencial teórico, as recentes tendências pós-estruturalistas da Análise do Discurso (Laclau), da Filosofia do Acontecimento (Badiou) e da Teoria Critica da tecnologia (Feenberg).
 
 Palavras-chaves: cibercultura; tecnologia; futuro; revista semanal; jornalismo; Veja.

Highlights

  • EDIÇÃO DE TEXTO E RESUMOS | Susane Barros SECRETÁRIA EXECUTIVA | Helena Stigger EDITORAÇÃO ELETRÔNICA | Roka Estúdio www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 |

  • Grande parte das narrativas se voltam, após situar os heróis-bilionários-celebridades, para a descrição da nova realidade das tecnologias digitais, apresentando o mapa cognitivo desse mundo: veja como é, saiba como funciona, aprenda e ganhe dinheiro com ele

  • Já na edição 1632 (19/01/2000, “Nasce a nova economia”, p. 98), a revista usa a fusão das empresas AOL e Time Warner para demarcar as transformações que estavam acontecendo no mercado mundial e afirma: “A fusão da AOL com a Time Warner é desconcertante porque marca o triunfo da internet, logo nos primeiros dias do século XXI, como o mais vigoroso motor da economia mundial”

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Summary

Introdução

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.17, n.1, jan./abr. 2014. O artigo busca analisar como o enunciador de Veja, a principal revista semanal brasileira, coloca em discurso o tema da tecnologia. Investigaremos neste artigo como o enunciador de Veja, a principal revista semanal brasileira, com tiragem média de 1 milhão de exemplares semanais, editada pelo Grupo Abril, coloca em discurso o tema da tecnologia. Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Em Veja, a palavra de ordem em coletar todas as reportagens com tema “tecnologia digital” atua como um significante “tecnologias digitais” e classificá-las a partir de vazio em posição de ponto nodal, ao costurar, seus contratos de comunicação, com respectivos como veremos, concepções específicas de futuro, pontos nodais, o que permitiu propor quatro de criatividade, de inovação, de economia e de fins grupos temáticos

Os heróis da nova economia
A nova economia
Os gadgets mágicos
O “espaço de risco”
Qual tecnologia?
Conclusão
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