Abstract

Este artigo discute aspectos da economia da distribuição da diferença entre migrantes chegados ao Brasil a partir de dois casos emblemáticos da década de 2010: os haitianos e os venezuelanos. O material empírico são reportagens jornalísticas sobre a chegada desses migrantes no país, nas quais são veiculadas percepções de gestores, políticos, organismos internacionais/ONGs e da própria população brasileira, com foco especial em supostos riscos que estes fluxos migratórios oferecem à saúde no Brasil. Tanto o fluxo de haitianos como o de venezuelanos no país - que atingiram seu auge em momentos distintos, mas que guardam entre si similaridades - são “bons para pensar” a produção de fronteiras simbólicas a partir da mobilização de alguns marcadores da diferença presentes na construção da imagem desses migrantes. A associação de determinadas nacionalidades e determinadas patologias e metáforas de perigo acionadas na descrição do maciço fluxo de migrantes - “invasão”, “colapso”, "catástrofe” - constituem um ponto de inflexão, a partir sobretudo do caso venezuelano, na construção de um discurso hegemônico sobre o Brasil como acomodador exemplar de diferenças raciais, étnicas e culturais.

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