Abstract

Para os Xavante, um melhor entendimento do mundo dos brancos e a capacidade de trazer melhorias para seu povo mediante estadias fora de seu território é habilidade crucial na competência de um líder. Em meados do século XX, o cacique Apöena, da Terra Indígena de Pimentel Barbosa, estabeleceu vínculos com um grupo de brancos de Ribeirão Preto, SP, e determinou a migração de oito de seus netos, todos do sexo masculino, para a cidade de origem do grupo. O presente artigo tem como enfoque a história de alguns protagonistas atuais desse intercâmbio. Objetivou-se perscrutar, mediante inclusive a sua expressão em práticas corporais, as suas perspectivas de si e de futuro e os seus efeitos na construção e transformação identitária. Para esse efeito, foram realizadas análises de entrevistas não estruturadas, realizadas com os jovens e suas famílias brancas, sob o enfoque metodológico da etnopsicanálise. Elucidou-se que esse encontro engendrou formas ativas e singulares de construção identitária e de ressignificação da tradição e memória Xavante por parte desses jovens, tanto no atinente às suas respectivas biografias quanto no entendimento dessas como uma forma de resposta à missão que lhes foi confiada pelo seu povo. Evidencia-se, nessa perspectiva, a importância de se ultrapassar concepções atidas à aculturação de indivíduos indígenas em contato com o meio urbano, levando em conta suas sociocosmologias particulares.

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