Abstract

É conhecido o interesse das biografias musicais. Para além de serem o móbil para o desenvolvimento de muitos trabalhos de investigação, são fundamentais para a consolidação dos consumos musicais e para a própria sedimentação dos pilares da indústria musical, do star system e da pop music. Ao abordarmos a história de vida de João Peste, músico e performer português de um relevante projeto musical na área do pop alternativo, procuramos salientar que o objeto de estudo da sociologia não é, desde logo, o artista singular nem a relação entre o artista e a sua escola e entourage, mas o conjunto das relações objetivas e interacionais entre o agente cultural e outros agentes culturais envolvidos na produção do valor social da obra (críticos, jornalistas, promotores, managers, etc.). A abordagem deste artista e da sua obra prende-se, neste contexto, com a resposta à questão: “quem afinal cria os criadores” na pop arte?

Highlights

  • Cristiane Freitas Gutfreind Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Irene Machado Universidade de São Paulo, Brasil Jorge Cardoso Filho Universidade Federal do Reconcavo da Bahia, Brasil Universidade Federal da Bahia, Brasil

  • João não se define enquanto músico no sentido convencional do termo, assume-se antes enquanto membro de uma banda com funções muito diversificadas que vão desde as letras até à imagem das capas, associando sempre um lado cénico, mas também musical

  • J. Sounds and society: themes in the sociology of music

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Summary

Pop music: uma oportunidade heurística para a sociologia

Não sei como viver sem ti/ Não sei o que vai ser de mim/ Ainda tenho um sonho ou dois/ Não sei o que fazer aqui/ Não sei como chegar ao fim/ Estou preso neste elevador/ Não sei o que dizer/ Não sei o que fazer/ Não sei o que vai ser de mim. Recentemente, têm vindo a proliferar esforços no campo da própria crítica e jornalismo para a concretização de biografias que possibilitem uma análise reflexiva acerca do que em sociologia costumamos designar por trajetórias sociais (ALBIEZ, 2003; GIMARC, 2005; MARCUS, 2006; 2000b; MOLON, 2007; REYNOLDS, 2006; SAVAGE, 2001; STRINGER, 1992; KENT, 2006). Através do recurso a uma biografia, a de João Peste, pretendemos elucidar acerca das determinações e indeterminações da criação musical, mostrando que o objeto de estudo da sociologia não é o artista singular nem a relação entre o artista e a sua escola e entourage, mas a tomada como objeto supremo de análise o conjunto das relações objetivas e interacionais entre o agente cultural e outros agentes culturais e também todos aqueles agentes que estão envolvidos na produção do valor social da obra (críticos, jornalistas promotores de eventos, patrocinadores, managers, editores, etc.) no

O esgrimir de um sonho pop
Uma flor do mal em Campo de Ourique5
Um músico “não músico”
Conclusão
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