Abstract

Resumo Contextualizar os processos que instrumentalizam os afetos no currículo escolar hodierno, investigando como a liderança tem sido significada diante de um catálogo de emoções, constitui o objetivo deste estudo. Historicamente, a liderança compôs os movimentos sociais e tinha a escola como um de seus espaços de referência, mas essa afecção parece ter adquirido novos sentidos em programas específicos de educação socioemocional. Para desenvolver a argumentação, articulam-se referenciais teóricos críticos (como Dardot e Laval, Illouz, Collet e Grinberg, e Safatle) com uma análise documental (desenvolvida por meio das orientações de Cellard), por meio do exame de duas iniciativas singulares, em busca de compreender como a liderança tem figurado no cotidiano escolar, problematizando o que se entende como um redirecionamento de seus sentidos históricos a partir dos remanejos do neoliberalismo. Na discussão, percebe-se que a hierarquização desse afeto não tem mais se pautado unicamente na motivação de uma comunidade para a participação em uma pauta pública (sentido tradicionalmente atribuído), mas tem se reconfigurado, em contextos singulares, em uma mobilização de si mesmo. A liderança passa a ser concebida como um pilar para o empreendedorismo de si na constituição de uma conduta engajada do sujeito com seus objetivos pessoais, favorecendo a lapidação de seus próprios afetos em busca de se mostrar competitivo e flexível, exigências do capitalismo em sua face atual. De um líder carismático e comprometido com o coletivo erige-se um líder de si conformado a partir de um design psicológico que tem na escola (dualista e hierarquizada) seu espaço de formação.

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