Abstract

O momento civilizatório actual define-se como de crise epistêmica, antropológica, ontológica e ética. Ratificando o espaço educacional como locus privilegiado de constituição de subjetividades, o acento deste estudo recai sobre as concepções de Kohlberg, Habermas e Boaventura de Sousa Santos. As articulações entre filosofia, sociologia e educação iluminam a escola como território de construção subjetiva pela via da interdisciplinaridade. Habermas, em diálogo com a teoria kohlberguiana do julgamento moral, questiona o tecnicismo ao retomar uma ética iluminista cosmopolita emancipatória. Baseando-se na consideração da actualidade como momento de transição paradigmática, Santos posiciona-se contra as perspectivas iluministas antropológica, epistêmica e ética, propondo cartografias da experiência subjectiva que visem à emancipação por um ethos que se norteie pelo senso comum solidário. A discussão entre os autores dar-se-á considerando as relações entre ética e subjectividade no campo da educação, privilegiando os lugares do ensino-aprendizagem e do educador na instituição escolar.

Highlights

  • T the anthropological enlightened perspective, as well as epistemic and ethical ones, proposing cartographies of subjective experience that aim at the emancipation through an ethos that is guided by a shared common sense

  • Tal lógica de pensamento pode colocar em risco a perspectiva habermasiana de que as demandas mais efetivas postas em jogo num discurso sejam a afirmação e a busca pela verdade e pela justiça, pois tais peculiaridades subjetivas podem radicalizar um nível de sinceridade tal que satisfaça o sujeito, mas que não possibilite a construção de uma comunidade baseada em argumentações habilmente passíveis de contestação racional em favor do bem-estar de todos

  • Inaugurando uma discussão que, cada vez mais, fertiliza pensadores e constitui uma das referências mais sólidas na epistemologia, no livro Um Discurso sobre as Ciências, Santos (1988) põe em questão os pressupostos, já naturalizados, do ideário moderno e seus desdobramentos, lançando uma crítica feroz aos dualismos modernos, seguindo veredas que reafirmam “a historicidade dos modelos de conhecimento científico” (Plastino, 2001, p.429)

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Summary

O julgamento moral na perspectiva de Kohlberg

A teoria de Lawrence Kohlberg é reconhecidamente de importância nos campos da psicologia cognitiva, psicologia social, psicologia do desenvolvimento, educação, filosofia e sociologia. Kohlberg (1966, 1970, 1981, 1983) segue os postulados de Piaget (1994) em O Julgamento Moral da Criança. É citado por eles que este estágio é um constructo teórico que é alimentado cientificamente no sentido do estabelecimento do modo de como ocorre a reconstrução racional da ontogênese da moral e que, por esse motivo, não pode ser descartado: “mesmo assim, nós continuamos com a postulação do estágio sexto porque nós concebemos nossa teoria como uma tentativa, um ensaio de reconstrução racional da ontogênese do raciocínio de justiça, uma empreitada que requer um estágio terminal para definir a natureza e o final do desenvolvimento moral” (p.61). Embora Kohlberg (1980, 1983) também compartilhe com essa afirmação, a sua posição não é tão rígida como a piagetiana, pois, para ele, as experiências são importantes em relação ao desempenho de papéis e este constitui um dos fatores que podem estimular a aprendizagem moral. Considerando a contribuição de Kohlberg, Habermas defende o julgamento moral como fundamento da possibilidade da ética, como se verá a seguir

Sobre a retomada iluminista de uma ética racional: a proposta de Habermas
Emancipação e senso comum solidário: interrogações à proposta habermasiana

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