Abstract

Resumo: Este artigo aborda os discursos da atual Política Nacional de Aleitamento Materno brasileira, enfocando sentidos pouco explorados em seus materiais educativos. As perspectivas teórico-metodológicas adotadas foram a Semiologia dos Discursos Sociais, que entende o discurso como constitutivo e constituinte das relações sociais de poder, e os Estudos de Gênero, que questionam a naturalização da dualidade feminino/masculino como estruturante de uma essência fixa do ser. A análise identificou como, em geral, os materiais continuam a enfatizar a importância do aleitamento materno para a saúde da criança, omitindo ou tratando de forma estereotipada as perspectivas das mulheres sobre a prática. A complexidade da amamentação é pouco abordada, e o desmame como transição subjetiva na relação entre mãe, criança e mundo social, silenciado.

Highlights

  • Resumo: Este artigo aborda os discursos da atual Política Nacional de Aleitamento Materno brasileira, enfocando sentidos pouco explorados em seus materiais educativos

  • VICTORA et al (2016), “nunca antes na história da ciência foi tão bem conhecida a complexa importância do aleitamento materno para ambos, mães e crianças” (p. 475)

  • A despeito do discurso feminista sobre o direito da mulher ao próprio corpo, que ganhou força na década de 1960 em várias partes do mundo (Elisabeth BADINTER, 2011), os discursos contemporâneos pró-aleitamento materno (AM) insistem em apregoar as vantagens da prática para a saúde da criança, negligenciando limites e possibilidades da mulher para amamentar

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Summary

Adriana Cavalcanti de Aguiar

Silêncios nos discursos próaleitamento materno: uma análise na perspectiva de gênero. As perspectivas teórico-metodológicas adotadas foram a Semiologia dos Discursos Sociais, que entende o discurso como constitutivo e constituinte das relações sociais de poder, e os Estudos de Gênero, que questionam a naturalização da dualidade feminino/masculino como estruturante de uma essência fixa do ser. A análise identificou como, em geral, os materiais continuam a enfatizar a importância do aleitamento materno para a saúde da criança, omitindo ou tratando de forma estereotipada as perspectivas das mulheres sobre a prática. Sem desconsiderar os diferentes usos que a categoria gênero pode ter na literatura em saúde coletiva, como apontaram Wilza VILLELA, Simone MONTEIRO e Eliane VARGAS (2009), neste trabalho, ‘gênero’ foi adotado como pressuposto teórico necessário à compreensão do processo de naturalização da amamentação, tomada, progressivamente, como função biológica e social da mulher (sobretudo no discurso biomédico). Como as autoras, que ‘gênero’ se configura como categoria “complexa e multifacetada” (p. 1004), não sendo sinônimo da categoria ‘sexo’ ou se referindo unicamente à categoria ‘mulher’, por ter sua origem no pensamento feminista, o termo “carrega um compromisso político com as mulheres, e a força da sua utilização reside na possibilidade de oferecer novos ângulos de compreensão dos eventos da vida de mulheres e homens que ampliem a autonomia” (VILLELA; MONTEIRO; VARGAS, 2009, p. 1004)

Definição do corpus de análise
Silêncios nos discursos oficiais sobre AM
Perspectivas da mulher no processo de amamentação
Amamentação e paternidade
Considerações finais
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