Abstract

A dinâmica litoral herdada é um tema recorrente na geomorfologia portuguesa. O reconhecimentodessa dinâmica passa pela identificação dos seus indicadores: formas de relevo e depósitos litoraiscorrelativos, presentes nas áreas hoje emersas e submersas. À semelhança do que sucedepresentemente, também no decurso do Quaternário, o litoral seria diversificado, com planícies arenosascom sistemas de praia-duna, sistemas de barreira, arribas com ou sem plataforma rochosa de sopé,estuários e terraços marinhos (elementos da plataforma litoral). Porém, esses indicadores nem sempresão de fácil identificação. No que respeita às formas de erosão - arribas com a respectiva sapa eplataforma rochosa de sopé - raramente se reconhecem, por serem formas antigas que foram sujeitas,desde a sua formação, à dinâmica geomorfológica, nomeadamente a movimentos de massa,desfigurando-as e dificultando a sua identificação. O estudo e enquadramento geomorfológicopormenorizado de muitos dos escarpados litorais, considerados previamente como arribas, tem reveladotratarem-se de escarpas de falha. No que respeita aos depósitos, (i) estes mudam lateralmente de fácies,(ii) as condições ambientais de génese dos depósitos quaternários mudaram e, em muitos casos, elesforam erodidos e/ou remexidos na sequência das variações da linha de costa que acompanham asflutuações do nível do mar e (iii) a actividade neotectónica, já reconhecida, pode tê-los mudado da suaposição original, fracturando-os, balançando-os ou mesmo levando à sua destruição. Por essas razões,as conclusões de um trabalho levado a efeito numa região não deverão ser extrapoladas, porque osvários compartimentos tectónicos no litoral não têm tido sempre o mesmo comportamento, como tmvindo a mostrar os diversos estudos precisos de pormenor recentemente divulgados. As correlaçõescronológicas são, também por isso, difíceis de estabelecer. Os dois casos apresentados permitemilustrar a complexidade da dinâmica litoral, mas também as dificuldades de correlação e deextrapolação dos resultados, nomeadamente como consequência da actividade de neotectónico nolitoral de Portugal continental.

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