Abstract

Tradução do terceiro capítulo de Undoing the Demos, livro no qual Wendy Brown procura compreender como a emergência do homo oeconomincus subjugou outras gurações e interpelações do humano. Brown primeiro apresenta uma leitura crítica da teorização do homo oeconomicus que Foucault formulou em suas aulas sobre o neoliberalismo no Collège de France. A autora censura o lósofo francês por não ter atentado su cientemente para o homo politicus, lócus da soberania popular que consegue resistir a hegemonia do homo oeconomicus. Em seguida, re ete sobre a morfologia e posicionamento variáveis do homo oeconomicus e do homo politicus nos trabalhos de Adam Smith, Locke, Rousseau, Hegel, Marx, Bentham e J. S. Mill. Por último, analisa o gênero do homo oeconomicus contemporâneo e discute a disseminação do homo oeconomicus por meio da ordem de uma razão normativa e de uma racionalidade governante construída sobre essa ordem.

Highlights

  • Hoje é um lugar‐comum dizer que os valores do mercado suplantam todos os outros e que coisas vulneráveis, preciosas ou sagradas, incluso a própria democracia, têm sido sujeitadas aos mercados de forma crescente e inapropriada

  • Quando a razão neoliberal projeta cada humano, positiva e normativamente, em todos os domínios existenciais, como uma forma de capital empresarial autoinvestidor, responsável por si mesmo e que luta para fazer render seu valor vis‐à‐vis outras entidades do capital, como isto se comporta no domínio baseado em necessidades, explicitamente interdependente, afetivo e com frequência sacrificial das relações familiares? Como a família é levada a adquirir elementos de capital humano autoinvestidor? Como é possível pensar sobre sua “liberdade” ou “interesses” quando ela não é nem corporativa, nem individual? Gary Becker traz a noção de “renda psíquica” para explicar a mãe que se sacrifica pelos filhos e sofre privações econômicas por conta de seu compromisso “natural” de cuidadora (BECKER, 1991, p. 78)

  • Quando o homo oeconomicus se torna normativo em todas as esferas e a responsabilização e apreciação da vida humana se tornam a verdade reinante da vida pública, vida social, vida laboral, bem‐estar, educação e a família, existem duas possibilidades para aquelas posicionadas como mulheres na divisão sexual do trabalho, sobre as quais as ordens neoliberais continuam a depender para se reproduzir

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Summary

Introduction

Hoje é um lugar‐comum dizer que os valores do mercado suplantam todos os outros e que coisas vulneráveis, preciosas ou sagradas, incluso a própria democracia, têm sido sujeitadas aos mercados de forma crescente e inapropriada.

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