Abstract
Estudo da evolução dos quadros liquóricos em 50 casos de neurossífilis submetidos aos seguintes processos terapêuticos: 1) malária e arsênico; 2) penicilina isolada; 3) penicilina, piretoterapia e arsênico; 4) penicilina e piretoterapia; 5) arsenoterapia isolada. Entre os dados fornecidos pelo exame do liqüido cefalorraqueano, só constituíram objeto de estudo a cito-metria, a taxa de proteínas, a reação do benjoim coloidal e as reações de desvio de complemento para sífilis. Em 34% dos casos foi obtido retorno à normalidade; em 42%, resultados satisfatórios; em 22%, resultados indefinidos; em 2%, falência do tratamento e recidiva. A aplicação da estatística t aos resultados liquóricos revelou: a) significância das diferenças entre os valores iniciais e finais da citometria, da proteinorraquia e da reação do benjoim coloidal, quer nos 45 casos, quer nos casos com 6 meses de seguimento, quer ainda nos três principais grupos terapêuticos; b) a comparação das médias finais da citometria nestes três grupos não revelou diferenças significantes: c) quanto à taxa de proteínas e à reação do benjoim, o mesmo processo comparativo revelou não haver significância entre os resultados dos grupos 1 e 3, enquanto que o grupo 2 diferiu significantemente dos demais; d) não houve diferença significante nas percentagens de negativaçao das reações de desvio de complemento, por qualquer dos três métodos de tratamento; e) foi significante a diferença entre as percentagens de negativaçao da reação de Wassermann e da de Steinfeld. Os resultados do estudo estatístico levam, pois, à conclusão de que os efeitos determinados pela penicilinoterapia isolada (grupo 2), embora eqüivalentes, no tocante à citometria, aos obtidos pelos demais méte dos de tratamento, foram superiores no referente à taxa de proteínas e à reação do benjoim coloidal. Este fato surpreendeu-nos, pois esperávamos que, se predomínio houvesse entre os três processos, êle deveria caber ao grupo 3, que consiste na soma dos meios terapêuticos utilizados nos grupos 1 e 2. Dados os riscos inerentes à malarioterapia, conclui-se que o tratamento atual de escolha, em casos de neurolues, é representado pelo emprego exclusivo da penicilina, em doses elevadas. A substituição da penicilina cristalina pela procainada, parece possível à vista da experiência dos autores americanos.
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