Abstract
Fernando Pessoa compôs "Chuva oblíqua" como um poema-manifesto do que denominou de "interseccionismo". Partindo do pressuposto que esse poema é uma arte poética, aproximaremos dele a leitura do poema "Sumário Lírico" de Fiama Hasse Pais Brandão, escrito em 1998. Enquanto em "Chuva oblíqua", as intersecções são possíveis cenários que convivem imaginariamente e que se interseccionam ou se justapõem, contrapondo o interior e o exterior do sujeito poético. As cenas se intercalam inclusive em relação ao tempo, ou seja, a memória e o sonho ajudam a compor e a recompor a paisagem. É uma poética que contribui e que paga tributo às artes visuais, principalmente ao cubismo. Em "Sumário Lírico", o sujeito poético se coloca atrás de uma vidraça da janela, há as camadas de realidade se interpondo: ao mesmo tempo, relacionam-se outros tempos, outros poetas e outros versos, marcando a intertextualidade presente na atualidade poética. O que torna possível a visibilidade de outras cenas é a transparência do vidro, material, assim como no poema de Pessoa, onde o real é descrito a partir da materialidade. A cena marítima marca o lugar onde encontra-se o sujeito, que está escrevendo, outra questão coincidente, além da presença da metalinguagem, que encontramos em ambas poéticas.
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