Abstract

A música popular é um artefato midiático através do qual são negociados socialmente pensamentos, valores, ações e estratégias de identidade individual e coletiva. Neste artigo, analisaremos as nuances discursivas que integram a canção Respeitem meus cabelos, brancos, de Chico César. Parte-se da hipótese de que por trás de um discurso militante e acusatório revelam-se diversas ambiguidades discursivas que integram a posição do autor sobre identidade negra. Os debates atuais sobre racismo acionam um posicionamento dicotômico (brancos x negros), presente na letra, mas relativizado pela ironia do uso não ortodoxo do reggae, pela ambiguidade da capa do CD, pela indefinição tonal e pelo criativo uso da vírgula, que condensa toda uma gama de deslocamentos interpretativos, contribuindo densa e criticamente para o pensamento atual sobre negritude no Brasil. **************************************************** ABSTRACT Popular music is a media artifact through which thoughts, values, actions and collective and individual strategies of identity can be socially negotiated. In this article, we’ll analyze the discursive nuances in the song Respeitem meus cabelos, brancos (Have some respect for my hair, whites), by Chico César. We start of from the assumption that behind a militant and accusatory discourse, ambiguities are showed in the author’s stand on black identity. Current debates on racism trigger a dichotomous position (blacks vs. whites), in the lyrics, second guessed by the irony in the unorthodox usage of reggae, by the ambiguity of the record cover image, by the undefined tone and the creative use of the comma, that condenses a range of interpretational misplaces, contributing largely and critically for the current thought on blackness in Brazil.

Highlights

  • Os artefatos culturais midiáticos reverberam pela sociedade visões de mundo, sentimentos e estratégias de pertencimento que são negociados a partir de sua apropriação

  • Mas é possível pensar na força expressiva dessa canção acionando também o pertencimento distanciado ao Imagens universo contestatório do reggae e, talvez ainda mais relevante, à negociação de uma das mais poderosas metonímias que acompanham o preconceito racial no Brasil e além dele: o cabelo

  • E, ao final da canção, ainda brincando ironicamente com a contundência de seu discurso, Chico César indaga, após o último acorde da gravação, uma pergunta quase inaudível que “encerra” a questão ao mesmo tempo que abre dúvidas, desloca certezas e assenta-se em contradições: “Fui claro?” l

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Summary

Introduction

Os artefatos culturais midiáticos reverberam pela sociedade visões de mundo, sentimentos e estratégias de pertencimento que são negociados a partir de sua apropriação. A simbiose entre as representações da identidade negra e a música popular são apontadas por diversos autores, que sublinham a importância deste artefato cultural como eixo de negociação da luta dos negros contra o racismo em todo o mundo.

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