Abstract

Resumo Ao escrever “Heterossexualidade compulsória e existência lésbica”, a feminista radical e ativista lésbica Adrienne Rich pontua, entre tantas colocações pertinentes, a presença da marca da dupla subjetividade no corpo político da mulher lésbica. Ela é uma mulher, sujeito menor diante de uma sociedade patriarcal e misógina, e ela é lésbica em uma sociedade que, além do que já foi posto, é lesbofóbica e fetichista. Passa-se o tempo e a poeta lésbica Angélica Freitas nos/se pergunta: “para que serve um útero quando não se faz filhos?”. Em consonância, a poeta carioca Simone Brantes dá a voz a um eu lírico que questiona: “como entram duas vulvas sob a colcha?”. O mesmo pensamento de uma sociedade capitalista que vê o útero da mulher como uma fábrica a serviço dela é a mesma que deslegitima, fetichiza, oprime e tenta apagar o afeto, o amor, a história e a memória na relação entre duas mulheres. O presente trabalho pretende pontuar como o amor entre lésbicas é também resistência política, e como o sujeito poético lésbico - e de autoria lésbica - é importante para esse movimento. Para tal, serão analisadas obras das poetas supracitadas, Angélica Freitas e Simone Brantes, a fim refletir sobre gênero, sexualidade, subjetividades do sujeito lésbico e enriquecer a discussão acerca desses sujeitos que passam constantemente por diversos processos de apagamento.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call