Abstract

Neste artigo procuramos examinar a complexa e contraditória construção do Setor de Gênero como parte da estrutura organizativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O pano de fundo são as tensões em torno da participação política das mulheres na luta pela terra, em que a ênfase inicial dada à categoria mulher vai sendo substituída pela de gênero. Mais do que simples alterações na nomenclatura, trata-se do desafio de compreender teoricamente e construir, na prática política, novas relações de gênero. Na contramão de um uso cada vez mais academicista, este processo acena para a (re)politização do conceito de gênero.

Highlights

  • (Re) politicizing the concept of gender: the political participation of the women in the Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Abstract

  • The background is formed by the tensions surrounding the political participation of women in the struggle for land, in which the initial emphasis given to the category woman is substituted by the concept of gender

  • More than a simple alteration in terminology, this change involves the challenge of understanding theoretically and constructing in political practice new gender relations

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Summary

Decifrando o Setor de Gênero

Num dos debates acerca da chamada “questão de gênero”, ocorrido em reunião da Coordenação Nacional em agosto de 2003, Bogo, importante expoente do Movimento, identificou uma série de obstáculos culturais e morais ou mitos que impediam a participação efetiva das mulheres. Desta forma, “a mulher só ocupará lugar na militância política se a estrutura organizativa abrir este espaço, para isto as mulheres terão que ‘tomar’ parte do lugar dos homens no seguinte sentido: se uma diretoria é composta por 12. A dificuldade que se observa nas ponderações de Bogo diz respeito à maneira de tratar a questão (se setor ou coletivo) e a como denominar o problema, mas não de colocá-lo para um segundo plano. Não havendo uma definição clara do que são relações de gênero, as questões que Bogo suscita levam a refletir se a pouca participação das mulheres é: um problema de mulheres? À medida que “a mulher começa a participar das atividades políticas e organizativas, serão discutidos e solucionados os problemas das limitações de sua participação” (BOGO, 2003, p. 12)

Às turras com o conceito de gênero
Algumas considerações inconclusas
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