Abstract

O trabalho é resultado da articulação de duas teses de doutorado que tiveram o Instituto da Primeira Infância (IPREDE) como campo de pesquisa. Historicamente, comprometida com o enfrentamento a desnutrição infantil, a instituição com o tempo passa a contemplar a noção de desenvolvimento infantil de uma forma mais geral incluindo a família nas suas intervenções bem como estratégias de quebra de ciclos intergeracionais de pobreza. Dessa forma, a instituição passa a trabalhar com a noção de que os cuidados parentais são fundamentais no desenvolvimento infantil e na constituição subjetiva desses sujeitos. No entanto, essa tarefa é complexificada nas situações em que as famílias estão constantemente envolvidas em questões cruciais para a garantia da própria sobrevivência, sendo necessário pensar nas trocas intersubjetivas incluindo questões como gênero, racialidade e vulnerabilidade psicossocial. Através de uma vinheta clínica pretendemos mostrar como com frequência, o conhecimento técnico e especializado delimita as razões explicativas dos fenômenos que envolvem a infância sob uma lógica de responsabilização individual que recai na figura materna. Quando se responsabiliza a mãe pela condição do filho, promove-se, por vezes, uma experiência de desautorização, podendo provocar a negação de suas vivências e na perda do sentimento de si. Nesse cenário, circunscreve-se a urgência de pensar práticas de cuidado que se distanciem da avaliação da capacidade materna de cuidar e a ampliem a idéia de um olhar de acolhimento, apontando para uma responsabilização coletiva que permitam a vivência de uma experiência compartilhada.

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