Abstract

Neste artigo, apresento e reflito sobre os efeitos menos visíveis das políticas governamentais executadas no contexto de preparação e acontecimento de grandes eventos (megaeventos) na cidade do Rio de Janeiro entre a primeira e a segunda décadas do século XXI. Em um primeiro movimento, apresento as políticas de “pacificação” e “ordenamento urbano”,em curso nesse período, conectando-as a produção do que chamarei refugiados urbanos. Em um segundo movimento, apresento dispositivos que produziram e mantiveram pessoas emsituação de rua em um trânsito permanente pelo tecido urbano e pela malha administrativa do Estado. Busco refletir sobre os usos políticos da visibilidade/invisibilidade desses corpos no que se reivindica como “espaço público” nos discursos estatais oficiais e midiáticos. Para tal, parto de trabalho de campo realizado entre os anos de 2015 e 2017 dentro de dois abrigos municipais – um para mulheres; outros para homens. Para fora desses muros, perseguindo a polifonia que conforma a “questão” população em situação de rua, trago para esse texto, também, material jornalístico, documentos estatais burocráticos e administrativos.

Highlights

  • [83] Refugiados urbanos em trânsito permanente policies of “pacification” and “urban ordering”, put in place during this period, connecting them to what I will call urban refugees

  • I shall base this reflection on fieldwork done between 2015-2017 in two municipal shelters - one for women and the other for men

  • Beyond these institutions’ walls, tracing the “polyphony” constituted by the “issue” of homeless people, I bring to this text, journalistic material and state administrative/ bureaucratic documents

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Summary

Raquel Carriconde**

Resumo | Neste artigo, apresento e reflito sobre os efeitos menos visíveis das políticas governamentais executadas no contexto de preparação e acontecimento de grandes eventos (megaeventos) na cidade do Rio de Janeiro entre a primeira e a segunda décadas do século XXI. Proponho dois movimentos em relação à constatação do aumento de pessoas em situação de rua na cidade do Rio de Janeiro e às chaves pelas quais são comumente apreendidas. O primeiro, será um deslocamento do aumento do número de pessoas nesta situação a partir, somente, das fileiras do desemprego para lançar luz sobre mecanismos —especialmente estatais, mas não só— produtores dessa situação de rua no contexto dos megaeventos esportivos através das ditas políticas de “segurança pública” e “ordenamento urbano”. Em meados de 2015, habitavam os abrigos municipais muitas pessoas cujas vidas haviam sido atravessadas pelos campos de força que compunham as políticas de “ordenamento urbano” e “pacificação”’ no contexto de produção do Rio de Janeiro como cidade olímpica. São essas vidas no fio da navalha que motivam as reflexões a seguir

Políticas da ordem e da pacificação
Considerações finais
Fontes primárias
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