Abstract

Este artigo tem como objetivo analisar a receção e o percurso de refugiados por Portugal no contexto da Guerra Civil de Espanha, focando-se na região montanhosa de Castro Laboreiro, em Viana do Castelo. A proximidade com Espanha tornou este território um local privilegiado de refúgio para se protegerem da guerra e da perseguição movida pelas forças oponentes. Receoso do contacto com o exterior, o regime salazarista desenvolveu uma repressão dirigida estes refugiados, considerados indesejáveis, traduzida na realização de buscas por intermédio das diferentes forças policiais, nomeadamente a PVDE, a GNR, a PSP e a Guarda Fiscal. Aos efetivos destas forças pedia-se uma ação conjunta e um reforço dos postos de vigilância. No contexto da passagem e da captura de refugiados espanhóis em Castro Laboreiro, aborda-se o caso da família de Eudózia Lourenço Diz, o qual exemplifica a realidade de muitos refugiados em Portugal.

Highlights

  • Os recentes conflitos ocorridos no Médio Oriente, particularmente a guerra na Síria, fizeram com que inúmeras pessoas fugissem da região e procurassem acolhimento e proteção noutras zonas, nomeadamente na Europa, constituindo a maior vaga de refugiados no novo milénio

  • Apesar de estas medidas se direcionarem especialmente para a repressão ao contrabando, acabaram também por ter efeito sobre os espanhóis que procuravam refúgio em Portugal, uma vez que estes dois aspetos, contrabando e entrada clandestina de pessoas no país, se encontraram relacionados durante e após o conflito espanhol, favorecidos pela rede de ligações e contactos já estabelecidos na raia luso-espanhola

  • De acordo com Dulce Simões existiram 4 grandes movimentos de espanhóis para Portugal: nos finais de julho de 1936, altura em que se refugiaram no Norte de Portugal militares que haviam lutado nas províncias de Pontevedra e de Ourense e civis originários das regiões de Tui e de Vigo; na zona do Caia, após a fuga de republicanos na sequência da ocupação de Badajoz, em meados de agosto; a 12 de agosto de 1936, quando a população de Encinasola se refugiou na região de Barrancos; na fronteira de Barrancos, quando os sublevados espanhóis ocuparam a região de Oliva de la Frontera, a 21 de setembro desse ano (SIMÕES 2016: 198-199)

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Summary

O aparelho de vigilância fronteiriço em Viana do Castelo

O Estado Novo de Oliveira Salazar, regime autoritário, fechado, repressivo e receoso do contacto com exterior, pouco propenso a receber elementos estrangeiros considerados indesejáveis pelas ideias de que poderiam ser portadores, sobretudo quando percecionados como simpatizantes comunistas, colocou-se ao lado dos nacionalistas de Franco na Guerra Civil de Espanha, iniciada a 18 de julho de 1936, em oposição ao governo legítimo da Frente Popular, de tendência republicana, recentemente eleito em fevereiro. Apesar de estas medidas se direcionarem especialmente para a repressão ao contrabando, acabaram também por ter efeito sobre os espanhóis que procuravam refúgio em Portugal, uma vez que estes dois aspetos, contrabando e entrada clandestina de pessoas no país, se encontraram relacionados durante e após o conflito espanhol, favorecidos pela rede de ligações e contactos já estabelecidos na raia luso-espanhola. Apesar de ter existido uma estreita colaboração entre a PVDE e as restantes forças policiais na tentativa de impedir a entrada clandestina de estrangeiros no país, a Guerra Civil de Espanha motivou a vinda para Portugal de inúmeros refugiados que procuravam escapar à repressão franquista e aos perigos da guerra. A sua entrada realizou-se ao longo de toda fronteira terrestre, situação que atingiu o distrito de Viana do Castelo, em particular a região de Castro Laboreiro, zona confinante com Espanha

Vigilância e controlo de refugiados espanhóis em Viana do Castelo
Operações policiais para captura de refugiados em Castro Laboreiro
Refugiados espanhóis em Castro Laboreiro: o caso de Eudózia Lorenzo Diz
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