Abstract

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa comparada sobre a atuação do Landless People´s Movement (LPM), da África do Sul, e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), realizada entre 2005 e 2009. No lado brasileiro, impera a ideia de reforma agrária, ou seja, uma ação política voltada para o uso produtivo ou agrícola da terra, que tem, como pano de fundo, critérios legais de produtividade. Na parte sul-africana, vemos o embate se estruturar sob a nomenclatura de land reform, slogan que remete a uma mudança na distribuição do território, visando à reparação das injustiças cometidas pelos governos do apartheid. Sendo assim, indicamos que esses dois casos comportam tipos diferentes de sujeitos da ação política. Tendo como referentes agentes históricos distintos, os movimentos sob análise, nesses dois países, procuram se legitimar por meio de diferentes "grandezas" que justificam suas existências e suas lutas. Neste artigo, procuraremos apresentar as especificidades de cada um dos sem-terras desses movimentos, a partir das suas formas sociais de "engrandecimento e justificação social" diante de suas bases e do Estado.

Highlights

  • Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa comparada sobre a atuação do Landless Peoples Movement (LPM), da África do Sul, e do Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST), realizada entre 2005 e 2009

  • Autores como Cousins (2009), Walker (2008) e James (2007), reproduzindo um modo equivalente ao brasileiro de olhar para a questão da terra, irão concentrar suas análises na falha do Estado em transformar a questão da terra em questão agrária, ou seja, em promover aquilo que chamam de desenvolvimento rural

  • KEY-WORDS: landless workers, agrarian reform, South MOTS-CLÉS: paysans sans-terre, réforme agraire, Africa, social movements, Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST)

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Summary

QUANDO OS MOVIMENTOS SE ENCONTRAM

É preciso considerar que a comparação entre MST e LPM não. A reforma de terra (defendida pelo LPM) remete, assim, a um universo de grandezas que não encontra equivalente na ideia de reforma agrária, entendida no sentido de aptidão para agricultura, como vimos em uma das definições oferecidas por uma liderança do MST. Ela serviu para tensionar o papel do militante branco do MST e para despertar uma análise dos objetos e das provas que constituem a própria sociologia das lutas por terra no Brasil e na África do Sul do último século. O objeto agrário (nas mesmas equivalências que aparecem no caso do MST, por exemplo) não deixa de ter valor na África do Sul, porém, tendo em vista o fato de serem os colonizadores brancos que, nessa mesma disputa, o mobilizam nesse sentido, sua grandeza é menor. Entenderemos melhor ainda essas disputas se pensarmos que, na África do Sul, há um ministério dedicado aos “assuntos da terra” e que nele se encontram todas as políticas de reorganização da distribuição do território no pós-apartheid. Enquanto isso, no Brasil, o ministério responsável pelo mesmo objeto se dedica ao “desenvolvimento agrário”

As breves referências ao encontro entre
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