Abstract
O artigo investiga alterações nos sistemas paraglaciais e interconexões com a retração glacial em setores da ilha Rei George, Antártica Marítima. Foi analisado o ambiente proglacial, resultado da deglaciação recente, e identificados os tipos de formas de relevo em suas diferentes escalas. Estes registros são úteis para a reconstrução de estágios sucessivos evolutivos no sistema paraglacial. Os resultados demonstraram que o ambiente marginal às geleiras e sistemas paraglaciais estão evoluindo na ilha Rei George e há novas paisagens. Algumas geleiras apresentaram uma mudança importante entre 2000 e 2019, onde sua classificação mudou de geleira de terminação marinha para geleira de terminação terrestre (não-marinha). Atualmente há 21 geleiras com término em terra na ilha Rei George (correspondendo a 31% das geleiras) e 11 destas estão localizadas na Baía do Almirantado. 25% destas geleiras eram marinhas em 2000. Os novos ambientes paraglaciais (desde 2000) têm 1,7 km2 ao total de área. Os ambientes marginais às geleiras (como as geleiras Ecology, Wanda, Windy, Anna Sul e Baranowski) mostraram formas de gênese não glacial, como planície de lavagem, depositos de tálus, ravinas e canais fluviais no sistema paraglacial recente. O mapeamento geomorfológico evidencia que os processos paraglaciais se diferenciam entre os ambientes marginais ao gelo das geleiras, não são padronizados.
 Palavras-chave: processos geomorfológicos glaciais, áreas livres de gelo, mudanças climáticas.
Highlights
Sistemas glaciais e marginais ao gelo são sensíveis às mudanças climáticas em andamento (COWIE; MOORE; HASSAN, 2014; CARRIVICK, 2015)
The proglacial environment, as a result of recent deglaciation, was analyzed, and the types of landforms and at different scales were identified. These records are useful for successive evolutionary stages paraglacial system reconstruction
Testing hypotheses of the cause of 849 peripheral thinning of the Greenland Ice Sheet: is land-terminating ice thinning at anomalously high rates? The Cryosphere, v. 2, n. 673–710. 2008
Summary
Sistemas glaciais e marginais ao gelo são sensíveis às mudanças climáticas em andamento (COWIE; MOORE; HASSAN, 2014; CARRIVICK, 2015). Nesse setor há depósitos sedimentares transportados pela geleira, com feições de relevo expostas pela retração glacial formadas por processos subglaciais e marginais, glaciofluviais e glaciolacustres (BENN; EVANS, 2010). O termo paraglacial é definido por Slaymaker (2009) como processos não glaciais condicionados pela glaciação. O desafio no estudo das paisagens paraglaciais é determinar suas taxas de mudança; quão longe elas avançaram ao longo da trajetória de glacial para não glacial; e como reconhecer empiricamente as relações espaciais e temporais entre as paisagens proglacial, periglacial, paraglacial e fluvial (SLAYMAKER, 2009). Ambientes paraglaciais são influenciados por fatores não-glaciais, como por exemplo, vento e drenagem que atuam remobilizando sedimentos (BALLANTYNE, 2002b). O artigo investiga as alterações nos sistemas paraglaciais que estejam associados às alterações nas geleiras na ilha Rei George, Antártica, nas últimas sete décadas (Figura 01).
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