Abstract

Este artigo procura fazer uma revisão teórica que evidencie como os modelos biomédicos acerca das transexualidades são limitadores para as identidades trans e para a possibilidade de existências mais livres. Pretende‑se, assim, explorar como estes discursos essencialistas e patologizadores se concretizam, particularmente nas vivências de homens trans, através da pressão para se conformarem com modelos hegemónicos de masculinidade – o que os pode levar a afirmar expressões normativas e exacerbadas de masculinidade, de modo a serem socialmente reconhecidos como homens. Com isto, espera‑se ainda demonstrar como um modelo de autodeterminação abre possibilidades para o reconhecimento de uma multiplicidade de vivências fora das imposições às normas de género.

Highlights

  • “Real Men” and the Pathologization of Trans Identities Les « vrais hommes » et la pathologisation des identités trans

  • Pretende‐se, assim, explorar como estes dis‐ cursos essencialistas e patologizadores se concretizam, particularmente nas vivências de homens trans, através da pressão para se conformarem com modelos hegemónicos de masculinidade – o que os pode levar a afirmar expressões normativas e exacerba‐ das de masculinidade, de modo a serem socialmente reconhecidos como homens

  • Com o advento do pós-estruturalismo e do construcionismo social, tem-se mostrado necessária a construção de novos paradigmas que rompam com as conceções normalizadoras, patológicas e essencialistas que categorizam as sexualidades e os géneros, passando também a considerar-se os contextos sócio-histórico-culturais onde se inserem (Butler, 1990; Foucault, 1990; Louro, 2001)

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Summary

Revista Crítica de Ciências Sociais

Número não temático “Homens de verdade” e a patologização das identidades trans “Real Men” and the Pathologization of Trans Identities Les « vrais hommes » et la pathologisation des identités trans. E embora ultimamente a literatura respeitante a homens trans tenha vindo a aumentar, reconhece-se que estes têm sido negligenciados no que diz respeito aos estudos de género: tanto no campo das masculinidades – onde raramente são incluídos (Aboim, 2016; Catalano, 2015; Jourian, 2017) – como na investigação sobre pessoas trans – onde se verifica uma maior incidência sobre mulheres (Gottzén e Straube, 2016; Oliveira, 2014). Criar um diálogo entre os estudos trans e os das masculinidades poderia abrir espaço para novas conceções sobre o que é ser masculino e quebrar o elo entre homens cis e masculinidades – que tem sido considerado como garantido –, demonstrando que a masculinidade não é algo que apenas alguns corpos específicos têm ou possuem, mas antes que pode ser expressa por uma variedade de corpos (Aboim, 2016; Almeida, 2012; Gottzén e Straube, 2016; Halberstam, 1998). Espera-se, deste modo, contribuir para a desconstrução destes paradigmas e narrativas hegemónicos, fomentando ainda a igualdade de género e a justiça social

Referências bibliográficas
Conceição Nogueira
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