Abstract

O objeto de análise deste artigo é o discurso proferido pelo atual presidente do Brasil na 75ª edição da Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), em 22 de setembro de 2020. Nele me interessa a explícita vontade presidencial de estabelecer uma verdade sobre a Amazônia e o Pantanal, colocando em disputa o que deve ser chamado de “informação” ou de “desinformação”. Nesse caso estão em jogo a existência ou não de queimadas nas florestas, a ocorrência ou não de destruição do meio ambiente, e, consequentemente, a política ambiental em curso, a legislação de crimes contra a natureza em aplicação. O objetivo mais geral desta investigação é fazer, conforme propunha M. Foucault, um diagnóstico do tempo presente – aqui, mais exatamente do Brasil de agora. Como objetivos específicos quis observar as condições que permitem a produção de um discurso mentiroso pelo representante maior do Poder Executivo de um país diante de outros líderes igualmente representativos. Para tal exame, me valho da “caixa de ferramentas” proposta por Foucault como um método de análise de discurso não apenas da cena política brasileira contemporânea, como desta no cenário internacional. Tendo como resultado da análise a formação de um discurso bélico fascista, concluo pela chamada a uma boa utopia, acreditando poder haver resistência no e pelo discurso.

Highlights

  • Se um chefe de Estado se enrolar na bandeira de um país estrangeiro, mesmo que ele seja muito amigável, isso significa submissão

  • É sintomático que o atual Estado brasileiro tenha contado nos últimos meses com ocupantes interinos tanto no ministério da Educação quanto no da Saúde até serem finalmente encampados como ministros de estado, e que o Ministério da Cultura tenha sido extinto em uma das primeiras ações desse atual governo de extremadireita, transformando-o em uma Secretaria

  • Vale ainda lembrar que um dos enunciados preferidos do atual presidente do Brasil é o de que “O Brasil é um país cristão e conservador, e tem na família sua base.” Essas foram suas considerações finais no discurso aqui em análise, conforme já dito, gravado e transmitido na 75a edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 22 de setembro de 2020

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Summary

Introduction

Se um chefe de Estado se enrolar na bandeira de um país estrangeiro, mesmo que ele seja muito amigável, isso significa submissão. No artigo “A ponta de um iceberg de desconfiança”, as autoras Fernanda Bruno e Tatiana Roque apontam essa estratégia discursiva como uma das causadoras do sucesso eleitoral do atual presidente da República: Um dos pontos fortes da estratégia eleitoral de Bolsonaro foi a difusão de mensagens em grupos de confiança nos quais as relações entre os participantes vêm sendo construídas há tempos – desde 2014 – e a partir de interesses que não se restringem à política.

Results
Conclusion

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