Abstract

Depois de três décadas de hesitações, avanços e recuos da política ferroviária do Fontismo, Portugal enveredou decididamente na construção de caminhos de ferro na década de 1880. Neste período, a rede nacional conheceu o maior crescimento da sua história (passada e futura) e chegou inclusivamente às colónias. Neste artigo, iremos analisar este processo histórico recorrendo aos conceitos de determinismo, sublime e nacionalismo tecnológico.

Highlights

  • HUGO SILVEIRA PEREIRA Universidade Nova de Lisboa Investigador de pós­‐doutoramento Financiado por Fundos Nacionais Ref.a SFRH/BPD/95212/2013 Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia

  • Desde o início do presente século que a historiografia portuguesa tem dado passos substanciais na análise e divulgação da história do caminho de ferro em Portugal, seguindo os trabalhos seminais de Lopes Vieira, Fernanda Alegria ou Magda Pinheiro sobre a ferrovia metropolitana e de António José Telo, Emanuel Esteves ou Luísa Teixeira sobre as linhas ultramarinas[1]

  • É certo que se registaram vozes contrárias ao investimento, contudo, estas eram sobretudo um truque retórico usado pelos parlamentares quando na oposição, mas esquecido quando transitavam para as cadeiras do governo[49]

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Summary

Introdução

Desde o início do presente século que a historiografia portuguesa tem dado passos substanciais na análise e divulgação da história do caminho de ferro em Portugal, seguindo os trabalhos seminais de Lopes Vieira, Fernanda Alegria ou Magda Pinheiro sobre a ferrovia metropolitana e de António José Telo, Emanuel Esteves ou Luísa Teixeira sobre as linhas ultramarinas (publi‐ cados nas décadas de 1980 e 1990)[1]. Argumentamos que a década de 1880 resultou do deter‐ minismo tecnológico professado pelos tecnocratas do Fontismo, uma vez que assistiu não só ao maior crescimento da rede ferroviária em Portugal, mas também ao início da construção e exploração de linhas­‐férreas nas colónias. Tecnologia e progresso não se esgotavam nos caminhos de ferro, no entanto, neste artigo usámo­‐los como objeto de análise, tendo em conta que ao longo de Oitocentos, se assumiram como símbolo mais espetacular da época[9] e “most common vehicle of the technological sublime”[10]. Consequentemente, alegamos que a década de 1880 contribuiu para a for‐ mação da ideia de progresso e para o desenvolvimento do nacionalismo tecnológico, tanto no sentido de criar uma nação através da melhoria das comunicações, como no de legitimar politicamente a nação portuguesa e sobretudo a sua presença no ultramar

A sedução pelo sublime do caminho de ferro em Portugal
A inevitabilidade da década de 1880
O nacionalismo ferroviário dos anos 1880
Conclusão
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