Abstract

A poesia de Nuno Judice singulariza-se pela natureza hibrida de seu discurso, cujos procedimentos de construção entretecem poesia e prosa, apagando as fronteiras rígidas entre os modos lírico e narrativo, por isso mesmo fugindo de moldes classificatórios. Embora a tradição clássica seja uma referencia e se faca presente na carga imagética e alegórica da figuração mítica, em muitas poesias, a modernidade desfaz as demarcações nítidas entre os tempos e os espaços, ao impulsionar o texto a dobrar-se sobre si mesmo em suas reflexões acerca dos processos que alimentam o corpo poético, feito simultaneamente de canto e logos, concretude e abstração. Seu livro As Regras da Perspectiva, de 1990, torna visível essa tendência para a interpenetração de prosa e poesia, de que extraímos dois poemas para serem objeto de nossa analise. Nessa peculiar textualidade, a metalinguagem e uma das faces a interagir com outras, entre elas, a textura das sensações, a ocultação do eu lírico, a narratividade, o mistério dos sentidos, as formas do mundo.

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