Abstract

Este artigo é resultado do projeto de tese que tem como objetivo analisar as redes de normatização do gênero construídas a partir da relação entre transgêneros, profissionais e tecnologias/protocolos envolvidos no processo transexualizador, na tentativa de contribuir para o aprofundamento no debate sobre gênero e corporalidade, além de pensar o debate sobre o social, pensando as associações feitas quando há diversos atores em rede. Metodologicamente circunscreve seu campo ao Espaço de Cuidado e Acolhimento Trans do Hospital das Clínicas (UFPE), optando pela realização de observação participante, entrevistas narrativas com usuárias/os e profissionais e análise documental dos protocolos/portarias envolvidos no processo transexualizador. Como base teórica para a concepção de gênero serão utilizados os trabalhos de Judith Butler e Anne Fausto-Sterling, medicalização do mundo moderno observado por Peter Conrad e Michel Foucault, e para pensar a estabilização e normalização de redes: Susan Leigh Star e Bruno Latour. A partir desses pontos serão suscitados questionamentos e possibilidades para pensarmos as tecnologias do gênero.

Highlights

  • This article is the result of a thesis project that aims to analyze the gender standardization networks built from the relationship between transgenders, professionals and technologies / protocols involved in the transsexualizing process, in an attempt to contribute to the deepening of the debate on gender and corporality, besides thinking about the debate about the social, thinking about the associations made when there are several actors in the network

  • It circumscribes its field to the Trans Care and Reception Space at Hospital das Clínicas (UFPE), opting for participant observation, narrative interviews with users and professionals and documentary analysis of the protocols / ordinances involved in the transsexualizing process

  • As a theoretical basis for the conception of gender will be used the works of Judith

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Summary

Introdução

Segundo o dicionário , a palavra “Protocolo” é um substantivo masculino que teria na língua portuguesa alguns significados: o primeiro remonta ao selo utilizado pelos antigos romanos para a autenticação de registros públicos; a partir dele surgem os de uso corrente, que se referem à ata, registros de atos oficiais, como audiências, conferências, etc. Primeiramente, ao chegar lá buscava tentar compreender o processo transexualizador enquanto um protocolo aplicado na prática por parte daquele hospital que era ressignificado pela população trans através de suas vivências; porém percebi que naquele espaço apenas compreender como o processo transexualizador é aplicado e percebido pelas/os usuárias/os não era suficiente para as minhas inquietações. Convivendo no espaço, observei que o mesmo possui uma rede múltipla de interações que definitivamente não o limitava enquanto espaço de atenção à saúde de uma população minoritária, nem tampouco o limitava enquanto uma relação de uma equipe multidisciplinar e o atendimento aos/às usuários/as do serviço como se define o processo transexualizador pelo SUS. As relações ali existentes perpassam uma rede múltipla de atores que durante a interação produzem sociabilidades e práticas importantes para compreendermos a complexidade que elementos como a saúde, o cuidado, a ciência, o corpo e o gênero perfazem ao se relacionarem e formarem, neste caso, aquele grupo. Compreendendo que o espaço hospitalar é um espaço de sociabilidades múltiplas e que nas relações entre profissionais-usuárias(os), profissionais-protocolos, usuários(as)-usuárias(os), profissionaistecnologias/artefatos, tecnologias/artefatos-usuários(as)-protocolos, há criações e classificações do corpo e do gênero, além de outras instâncias sociais, que complexificam as relações, funções e expectativas do espaço e dos sujeitos

Metodologia
Desenvolvimento
Resultados e Discussão
Considerações Finais
Agradecimentos
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