Abstract

Resumo Este artigo analisa materiais de promoção e orientação ao aleitamento materno recentes, pro duzidos pelo Ministério da Saúde (MS) brasileiro, identificando aproximações e diferenças entre os discursos voltados a gestantes e lactantes e aqueles dirigidos a profissionais de saúde em relação aos sentidos propostos acerca da mulher. Com base na teoria da enunciação, identificamos que, mesmo permanecendo o eu ou sujeito da enunciação dos discursos analisados, identificado como MS, per sistem distinções significativas na abordagem da mulher. Nos manuais para profissionais de saúde, nos quais a mulher é o sujeito sobre quem se fala, é mais comum ela aparecer representada como in divíduo dotado de subjetividade e protagonista do processo. Por outro lado, de modo geral, as mulheres são tratadas de forma objetificada nos materiais voltados a elas mesmas, o que se revela por meio de linguagem normativa e imperativa que as configura como instrumento da política oficial de saúde in fantil. Defendemos que compreender como o objeto de que se fala é constituído por/nesses discursos, assim como desvelar como neles se constroem as posições de sujeito e relações de poder, possibilita -nos problematizar essa comunicação que, de modo geral, negligencia as experiências e expectativas da mãe no processo de amamentação.

Highlights

  • This article examines recent promotion and guidance materials to breastfeeding produced by the Brazilian Ministry of Health, identifying similarities and differences between the discourses aimed at pregnant and lactating women, and those directed to health professionals in relation to the proposed meanings about women

  • Ao longo das últimas duas décadas, o Ministério da Saúde (MS) brasileiro intensificou a produção de materiais de educação e informação em saúde voltados à temática do aleitamento materno

  • A Cartilha para a mãe trabalhadora que amamenta (BRASIL, 2010), material de orientação cujo objetivo é, segundo o MS, “dar algumas respostas” às mães trabalhadoras sobre “como dar de mamar e ao mesmo tempo trabalhar fora de casa”, apresenta os direitos da trabalhadora que está amamentando, destaca a importância do aleitamento materno e orienta sobre como proceder para manter a amamentação após o retorno ao trabalho

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Summary

Um sujeito sobre quem se fala

Os materiais analisados dirigidos aos profissionais de saúde têm como objetivo orientá-los sobre como atingir “uma alimentação ótima para as crianças pequenas” (BRASIL, 2009a, p. 7), recomendando-se às mulheres que amamentem seus bebês exclusivamente nos primeiros seis meses de vida e continuem amamentando, com alimentação complementar “apropriada”, até os 2 anos de idade ou mais. Em geral, os enunciados que destacam as vantagens da amamentação, como: “O leite materno dá proteção contra doenças porque só ele tem substâncias que protegem o bebê contra doenças como: diarreia [...], pneumonias, infecção de ouvido, alergias e muitas outras”, “Dar de mamar é um ato de amor e carinho”, “Dar de mamar ajuda na prevenção de defeitos na oclusão (fechamento) dos dentes, diminui a incidência de cáries e problemas na fala” Com relação ao aleitamento sob livre demanda, como recomendado pela política, por exemplo, Moura, Moura e Toledo (2006) apontam que, após o nascimento dos primeiros dentes, pode aumentar a incidência de cáries, e o trabalho de Brew et al (2012) indica que, embora tenha efeito protetor contra asma, a amamentação prolongada, também preconizada pelo Ministério da Saúde, pode gerar maior risco de sensibilização para alergias alimentares

Interlocutora ou objeto direto de verbos imperativos?
Considerações finais

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