Abstract

O presente artigo analisa criticamente as repercussões da progressão continuada na escola, destacando os argumentos patologizantes que sustentam explicações individualizantes sobre o fracasso escolar no bojo dessa política. Para tanto, inicia apresentando um breve histórico da ideia de abolir a reprovação nas escolas públicas brasileiras. Em seguida, desvela aspectos do discurso oficial sobre a progressão continuada, tomando como caso a experiência paulista. Posto isto, apresenta pesquisa etnográfica realizada em uma escola pública, apresentando o método e parte dos seus resultados, especialmente as falas de professores e alunos e a dinâmica de sala de aula. Finalmente, tece considerações sobre o fracasso escolar no âmbito da progressão continuada, articulando tal fenômeno com a patologização da educação. Espera-se, com o artigo, ampliar a análise dos impactos da progressão continuada na vida diária escolar da rede pública estadual paulista, caminhando na busca do enfrentamento efetivo dos problemas vivenciados no chão da escola.

Highlights

  • In this paper we analyse the impact of continuous learning progression on schools

  • Desvela aspectos del discurso oficial sobre la progresión continuada, tomando como caso la experiencia paulista

  • Con el artículo, ampliar el análisis de los impactos de la progresión continuada en la vida diaria escolar de la red pública estadual paulista, caminando en la búsqueda del enfrentamiento efectivo de los problemas vivenciados no suelo de la escuela

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Summary

Breve histórico do fim da reprovação na escola pública brasileira

Segundo Viégas (2009), no caso paulista e s t e h i s t ó r i co divide-se em três momentos: a defesa no âmbito das ideias, a implantação experimental e sua adoção como política de governo em toda a rede estadual paulista. O fato é que, quando cursava o 3o ano, Alice foi encaminhada pela professora para avaliação psicológica, cuja síntese, presente em sua documentação escolar, se não produziu essa suspeita, certamente a reforçou: I) Motivo do estudo: Alice encontra-se em acompanhamento psicológico desde março de 2003, tendo sido encaminhada pela professora da escola com queixas relacionadas à “grande dificuldade de concentração, imatura, insegura e com muita lentidão de raciocínio”. Embora Alice tenha sido encaminhada pela escola e sua mãe afirme que ela não se interessa pela escola, o histórico feito pela psicóloga restringe-se aos dois primeiros anos de vida, focalizando as doenças que ela teve nesse período, desconsiderando assim a complexidade da vida escolar, sobretudo os impactos da Progressão Continuada no seu processo de escolarização. A avaliação psicológica, por sua vez, corrobora a patologização de sua escolarização, por isso é preciso discutir os impactos da medicalização na vida escolar sob a égide da progressão continuada

Progressão Continuada e medicalização da educação
Dificuldade de aprendizagem e o lugar do conhecimento
Problemas de comportamento e o lugar do disciplinamento
Considerações finais
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