Abstract

O romance Essa Terra dramatiza o conflito entre as expectativas positivas em relação ao progresso e o modo como ele se impõe com violência gerando crises agudas, sofrimento, loucura e morte. O desfecho da trajetória de Nelo, personagem que depois de vinte anos vivendo em São Paulo retorna à terra natal e se suicida, suscita uma série de indagações acerca do sentido do processo social do qual a migração é momento. Neste artigo propomos uma análise da configuração trágica do romance tendo em vista a complexidade da experiência que ele formaliza e os vínculos dessa experiência com um processo mais geral de imposição das relações sociais capitalistas, considerando a particularidade dessa imposição no contexto da formação nacional brasileira. O infortúnio dos personagens e os conflitos que eles vivenciam tanto externa quanto internamente configuram uma experiência que podemos reconhecer como trágica à medida que recompomos os vínculos entre a dimensão pessoal e social da experiência. Destacamos, em especial, a presença da culpa para examinar como o romance dramatiza a formação do sujeito moderno, ao mesmo tempo dotado e destituído de autonomia, aspecto que nos parece decisivo para apreender a experiência trágica que nos é contemporânea.

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