Abstract

Pretendo neste artigo analisar as noções de prioridade reconhecidas por Aristótelese examinar quais são os tipos de prioridade pelos quais ele demarca a primazia da substânciaem sua metafísica. Tentarei mostrar que a interpretação tradicional, que entende a prioridadeontológica da substância em termos de “existência independente”, não pode ser aceita.Em vez de prioridade em termos de existência, Aristóteles atribui à substância umaprioridade em termos de completude, bem como propõe certo tipo de prioridade causalexplanatóriacomo característica das substâncias de algo. Além disso, Aristóteles argumenta,contra o platonismo, que esses dois tipos de prioridade (a prioridade em termos decompletude e a prioridade causal-explanatória) não podem ser confundidos.

Highlights

  • Meu objetivo neste artigo consiste em analisar as relações entre a noção de substância e as noções de prioridade na metafísica de Aristóteles

  • Meu propósito consiste em formular essas dificuldades de modo claro e discutir uma possível interpretação sobre o modo pelo qual a substância possui prioridade sobre os demais seres

  • Ao cumprir sua tarefa refutativa, os livrosVII eVIII da Metafísica abrem caminho para a concepção de uma substância suprema, o Primeiro Motor, na qual a prioridade “em excedência pelo ser” (ou em perfeição) é acompanhada pela prioridade “em existência”, bem como, de certo modo, pela prioridade causal-explanatória (dado que o Primeiro Motor é, em certo sentido, causa de todas as coisas)

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Summary

Introduction

Pode-se admitir de imediato a predicação “corpo é dotado de volume”, ou “o corpo é dotado de volume”, mas as predicações “dotado de volume é corpo” ou “o dotado de volume é corpo” não soam como naturais: na penúltima, diríamos que a ordem natural dos termos foi invertida, ao passo que, na última, o artigo introduzido antes da expressão “dotado de volume” parece já carregar consigo a pressuposição de que tal expressão “refere-se a algo subjacente”, algo que seria distinto da propriedade de ser dotado de volume.[44] Assim, não é por acaso que Aristóteles menciona, em Metafísica V 11, a prioridade do subjacente como razão que preponderantemente explica por que a substância é anterior a todos os demais entes (1019a 5-6).

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