Abstract

A medicalização é um fenômeno social complexo e disseminado no qual estão envolvidos diferentes agentes e instituições, tais como a indústria médica/farmacêutica, governos, profissionais/sistemas de saúde e cidadãos. Por sua vez, médicos e profissionais de saúde desempenham importante papel na reprodução e no enfrentamento da medicalização haja visto que a medicina e os cuidados em saúde podem gerar tanto danos como benefícios. Médicos de família lidam diariamente com a sobremedicalização e seus fenômenos associados (i.e. sobrediagnóstico, sobretratamento, comercialização de doenças) por desempenharem função-filtro nos sistemas de saúde. Por serem o primeiro ponto de contato, esses profissionais e suas equipes acolhem as demandas e necessidades sociais trazidas pelas pessoas e comunidades sob seus cuidados, que comumente estão influenciadas por uma perspectiva médica intervencionista e pelo marketing da saúde. Este artigo discute alguns conceitos principais da medicalização e seus determinantes, em especial as contribuições da ciência biomédica e suas bases epistemológicas para o fenômeno. Ele também desenvolve, sucintamente, algumas reflexões sobre a medicalização na prática do médico de famíliae comunidade, no contexto brasileiro. Por fim, analisa o enfoque da prevenção quaternária acerca da medicalização, que propõe mudanças de objeto e de atitude na prática médica, evitando, assim, intervenções desnecessárias e protegendo os pacientes dos excessos da medicina.

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