Abstract
Com base em dados socioeconômicos, este artigo busca explicar por que a crioulização aconteceu de forma ampla no Caribe e não aconteceu de forma representativa e duradoura no Brasil. A partir daí, o artigo procura fazer algumas generalizações acerca da formação histórica dos chamados crioulos do Atlântico e da própria concepção do que sejam as línguas crioulas. A posição que orienta essa análise é a de que, para que ocorra a crioulização, é preciso que haja uma ruptura na transmissão linguística, o que possibilita uma forte redução e a reestruturação profunda de uma variedade de segunda língua, um pidgin, que, ao se nativizar, dá origem à língua crioula. Para que a pidginização ocorra, é preciso que a comunidade de falantes que vai desenvolver o pidgin seja submetida a um violento processo de segregação e isolamento, como aconteceu no Caribe, e, ao que tudo indica, não aconteceu no Brasil, em função da maior complexidade e das mediações que se observam na estrutura social do Brasil Colônia. Ao final, o artigo faz uma breve descrição dos aspectos linguísticos que diferenciam a crioulização de processos mais leves de transmissão linguística irregular, como o que aconteceu no Brasil.
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