Abstract

Este artigo busca, através das notícias veiculadas nos jornais de maior tiragem no período compreendido entre 1891 e 1920, na cidade do Recife, identificar as formas como tais veículos de comunicação representavam os trabalhadores portuários e como muitas vezes eram formas estereotipadas de ver o outro. Partindo do pressuposto de que nem sempre as representações se aproximam do acontecimento real, seguimos a proposição de Walter Benjamim, qual seja, fizemos uma leitura a contrapelo, que nos possibilitou enxergar para além do que os periódicos apresentaram, inclusive o cotidiano tenso do trabalho nas docas do Porto do Recife.

Highlights

  • Through the published news in the greatest newspapers in the period between 1891 and 1920, in the Recife city, we pursue identify the forms that these communication vehicles represented the port workers and how, as a lot of times, they were presented stereotyped ways of view

  • Starting from the assumption that the representations are not always closer than the real event, we followed the Walter Benjamin’s propositions and we did against the grain reading that allowed us to see beyond what the periodicals presented, including the tense work routine in the docks of Recife’s port

  • Publicado em parceria com outras entidades de trabalhadores do Recife, era combativo, razão pela qual Antônio Bernardo Canella, o responsável, foi intimado a depor na Subdelegacia de Santo Antônio pelo teor de uma matéria veiculada em agosto de 1918: Tendo o jornal socialista Tribuna do Povo, órgão da União dos Estivadores e de outras sociedades operárias desta capital publicado artigos incendiários, insuflando o operariado à revolução, o seu responsável, sr

Read more

Summary

Os homens rudes das docas: à guisa de introdução

Ao longo da História, os trabalhadores portuários foram representados como homens rudes, advindos das camadas “inferiores da sociedade”, iletrados, brigões por excelência, corpóreos, quase titãs. 1 portuário foi, em nossa opinião, uma das razões para que tal atividade fosse estigmatizada.[5] No caso do Porto do Recife, identificamos duas notas de jornais que apontam o cais do porto como lugar de “refúgio” e ganha-pão de escravo fugido: No dia seis do corrente, ausentou-se de casa de José Gonçalves Ferreira da Costa, um seu escravo de nome José do Carmo, de nação angola, baixo e bastante reforçado, semblante prazenteiro [alegre], cara redonda e barbado, tem sinal bem saliente que é ser rendido [com hérnia], consta que o mesmo anda trabalhando na estiva.[6]. É certo que por ali também ele encontraria uma possível rede de solidariedade, pois havia outros escravizados, mas talvez não encontrasse mais Manoel, de propriedade de Estanislau da Costa, que havia “picado a mula” do cais, onde trabalhava. A desqualificação do trabalho manual, tal qual o dos estivadores, foi uma delas, conforme evidencia a nossa investigação

À beira do cais do Recife
Cenas de sangue no cais do porto
Estivadores politizados
Uma leitura a contrapelo: à guisa de conclusão
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call