Abstract

Este trabalho analisa as conexões entre os discursos da extrema direita no Brasil e sua forte base de apoio formada pelos evangélicos. Demonstra-se aqui, por meio de pesquisa documental, observacional e bibliográfica, que os principais componentes desses discursos — quais sejam: a revalorização da família tradicional, a predominância da fé sobre a razão, a organização da sociedade via disciplina e ordem e o macarthismo — criaram vínculos com a religiosidade evangélica por meio da exploração de apelos a valores comuns ao extremismo de direita e a uma certa compreensão da fé cristã, predominante entre evangélicos. Conquanto haja tensões e contradições nessa relação, os evangélicos se constituíram num dos segmentos sociais mais fiéis às teses do governo de extrema direita, emprestando-lhe apoios ideológico, parlamentar e eclesiástico. A intermediação da relação entre extrema direita e a religiosidade evangélica é feita por meio do uso intenso da comunicação política via redes sociais e pela influência de líderes de igrejas comprometidos com o bolsonarismo. Sendo assim, dadas as dimensões da presença evangélica na população brasileira, o comportamento político desses religiosos tem implicações diretas na sustentação do governo Bolsonaro e se apresenta como importante objeto de estudo para investigações que têm como foco o desenvolvimento da democracia brasileira.

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