Abstract

Nosso objetivo é discutir concepções de política curricular para caracterizar uma abordagem metodológica de pesquisa que evidencie processos contra-hegemônicos em políticas curriculares. Pressupomos a centralidade da cultura em termos epistemológicos, a ampliação do campo político e a lógica espacial não-binária dos estudos pós-coloniais. Desse exercício definimos política curricular como um processo histórico no qual diferentes protagonistas, imbuídos de seus projetos culturais/sociais, produzem tensões em torno da produção, circulação e consolidação de significados no currículo escolar, entendendo-a como uma política cultural. Sugerimos o deslocamento da abordagem metodológica hegemônica, ou seja, da perspectiva global/local para a perspectiva local/global, e consideramos um equívoco focalizar produção ou implementação, Estado ou cotidiano em pesquisas de política curricular. Enfim, pontuamos algumas questões que podem pautar estudos com essa perspectiva.

Highlights

  • Indignados com os resultados insatisfatórios da escolarização, especialmente no ensino fundamental, alguns pesquisadores brasileiros têm abordado a questão em suas implicações para a política curricular

  • E o que é de fundamental importância para os objetivos propostos em nosso estudo, ao destacarem os conflitos políticos existentes nos diferentes contextos de produção da política curricular e ao definirem esses contextos como textos, portanto, como construções simbólicas, possibilitam não só a visualização de conflitos culturais no processo de construção da política curricular como também de movimentos contra-hegemônicos no processo político, abrindo caminhos assim para considerarmos metodologicamente tanto a centralidade da cultura como a ampliação do campo político

  • Desse exercício definimos política curricular como um processo histórico no qual diferentes protagonistas, imbuídos de seus projetos culturais/sociais, produzem tensões em torno da produção, circulação e consolidação de significados no currículo escolar, entendendo-a como uma política cultural

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Summary

Denise de Souza Destro

Secretaria Municipal de Educação de Juiz de Fora Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Educação. A abordagem metodológica desses estudos tem potencial para mostrar fundamentalmente o poder das chamadas “políticas oficiais” ou “hegemônicas” e das relações políticas no sentido global/local sobre os currículos escolares. Embora essa denúncia seja indispensável para as análises críticas do currículo, já não nos parece mais suficiente, uma vez que nela predomina uma perspectiva vertical de controle sobre os currículos em um contexto que requer a adoção de uma postura contra-hegemônica, diante de um quadro teórico de avanço no campo curricular, consubstanciado pela ampliação do que se entende por campo político. A ampliação do campo político, em particular, trouxe a discussão das relações de poder até o que tradicionalmente tem sido denominado “campo cultural” ou “dimensão cultural” da realidade social, tornando possível assim a absorção das contribuições de estudos pós-coloniais para estudos dos processos analíticos de pesquisas em políticas curriculares.

Política curricular como política cultural
Estudos de políticas curriculares e suas implicações metodológicas
Considerações finais
Referências bibliográficas
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