Abstract

O objetivo deste artigo é propor uma leitura do poema “Descoberta da literatura”, de João Cabral de Melo Neto, que, pela tematização da memória da infância, parece destoar da poesia cabralina, avessa à expressão lírica do eu. Para tal, apontamos que a noção de pacto autobiográfico, formulada por Philippe Lejeune, é insuficiente para dar conta da complexidade do fenômeno do eu lírico quanto a sua relação com o eu empírico. Desse modo, apresentamos uma leitura que desloca o foco dos elementos autobiográficos do eu empírico para enfatizar uma determinada experiência literária e intelectual do poeta, sobretudo a importância da literatura popular na construção desse itinerário poético.

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