Abstract

Este artigo trata do trabalho de plataforma a partir da definição de uberização. Esta é compreendida como uma nova forma de organização, gerenciamento e controle do trabalho, que se firma como uma tendência global. A novidade catalisada pelas plataformas digitais se refere à um gerenciamento algorítmico que precisa ser mais bem compreendido e analisado É possível perscrutar uma nova forma de controle, que opera na extração e processamento de dados da multidão de trabalhadores, que são então utilizados como meios novos e pouco conhecidos para o gerenciamento do trabalho, informados pela possibilidade de um pleno mapeamento do processo de trabalho (Zuboff, 2018). São analisados: o trabalho de revendedoras de cosméticos para pensar em nas características tipicamente femininas do trabalho que se generalizam; o trabalho de motoboys e sua uberização na cidade de São Paulo.

Highlights

  • Introdução “é tempo, enfim, de deixarmos de ser o que não somos” (Aníbal Quijano, A colonialidade do poder)

  • Apesar de ter ganhado visibilidade com o trabalho de plataforma, a uberização transcende-o: é fruto de décadas de eliminação de direitos, da dispersão global e, ao mesmo tempo, centralizada de cadeias produtivas – aliadas à liberalização de fluxos financeiros e de investimento – e do desenvolvimento tecnológico, que fundamenta novas formas de organização e controle do processo de trabalho

  • Tratar da uberização requer ao mesmo tempo olhar para o gerenciamento algorítmico e os processos de flexibilização e precarização do trabalho, que, como veremos, culminam de modo entrelaçado na formação de enormes contingentes de trabalhadores just-in-time (ABÍLIO, 2017; ABÍLIO, 2019; DE STEFANO, 2016)

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Summary

LUDMILA COSTHEK ABÍLIO

Plataformas digitais e uberização: Globalização de um Sul administrado?. Este artigo trata do trabalho de plataforma a partir da definição de uberização, uma tendência global que estabelece novas formas de organização, gerenciamento e controle do trabalho. É analisado o gerenciamento algorítmico: catalisado pelas plataformas digitais, se refere a uma nova forma de controle que opera de forma monopolizada na extração e processamento de dados da atividade da multidão de trabalhadores, costurada pela possibilidade de mapear plenamente o processo de trabalho. A partir da análise do trabalho de revendedoras de cosméticos argumentase que características tipicamente femininas e periféricas do trabalho se generalizam com a uberização; com a pesquisa com motofretistas na cidade de São Paulo são analisadas as mudanças em um trabalho que está se uberizando. Motoboys; Revendedoras de cosméticos; Gerenciamento algorítmico; Trabalho de plataforma; Uberização

Quando informalidade vira informação
Crowdsourcing e a dispersão global e controlada do trabalho
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