Abstract

RESUMO: A urbanização da capitania do Piauí acompanhou, desde finais do século XVII, um complexo processo negociado entre a Coroa portuguesa, os representantes régios, a rede clientelar urdida pela Casa da Torre e a população residente em seus sertões. O que antes era conteúdo dos sertões de Rodelas passou a construir-se como identidade territorial a partir da fundação da primeira freguesia, em 1697, dedicada a Nossa Senhora da Vitória. Estruturando-se descontinuamente no tempo e no espaço, o Piauí reforma-se em 1758, ano da autonomização do seu governo. E fez-se urbano em 1761, quando D. José I e o marquês de Pombal equacionaram, por meio da carta régia de 19 de junho, um território formado por seis vilas e uma cidade. Nessa direção, o objetivo deste artigo consiste em reconstruir o processo de formação da capitania do Piauí segundo os agentes envolvidos na urbanização do território. Propõe-se descortinar as políticas da Coroa por meio da oficialização de povoações estrategicamente locadas no território visando o controle e o "remédio" das injustiças rotineiras do Piauí. O método de apresentar essa reconstrução vale-se da interconexão entre texto (documentação manuscrita) e imagem (mapas e fotografias), que em suas entrelinhas representam um Piauí como espaço de experiências sentidas tanto na dimensão oficial quanto no cotidiano dos seus moradores.

Highlights

  • The Piauí provinces urbanization has kept up with since late 17th century a complex process dealt among Portuguese Crown, the regal representatives, the network woven by the Casa da Torre and by the resident population in its countryside

  • To agents involved in the urbanization processes

  • It proposes to deconstructing Crowns polices by means towns strategically placed in territory aiming at control and “remedy” of routine injustices practiced in Piauís hinterlands

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Summary

Projetos de urbanização para o Piauí

Os resultados das políticas de urbanização de Antônio Marques Cardoso permaneceram praticamente os mesmos até a segunda metade do século XVIII, quando novos projetos foram implementados pela Coroa, por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, pelo marquês de Pombal e pelas autoridades régias designadas ao Piauí. Vale evocar mais uma vez o diagnóstico de Marcelino de Gouveia, no qual as povoações das freguesias de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca, Nossa Senhora do Desterro do Rancho do Prato, Nossa Senhora da Conceição dos Aroazes e Santo António do Gurguéia representavam a “incapacidade” e, por isso, “...não podem lembrar para dellas se fazer memoria para o fim sobred.o...de ser Villas erigidas...”[134]. Acompanhada da carta régia veio uma missiva de Francisco Xavier de Mendonça Furtado ao governador João Pereira Caldas esclarecendo as razões pelas quais a Coroa decidiu elevar todas as paróquias da capitania à vila, em vez de concretizar as resoluções tomadas após a experiência das viagens[144]. Essa medida não era fortuita, mas orientada segundo os resultados colhidos em vilas “...plantadas no Territorio da capp.nia da Bahia, os quaes havendo principiado ha pôcosannos, por seis, ou sete casas, se achão populozas até o n.ro de quinhentos, e seiscentos vizinhos...”[153]

Consideração final
Documentos manuscritos avulsos referentes à capitania da Bahia
FONTES TEXTUAIS PRIMÁRIAS IMPRESSAS
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