Abstract

Esse artigo discute a força sensível do cinema a partir de uma análise do documentário Pina 3D, de Win Wenders, sobre a coreógrafa Pina Bausch. Sugiro, inicialmente, que a questão acerca do status ontológico das imagens no cinema é central para a obra de Wenders desde que o cineasta conquistou o Leão de Ouro em Veneza com o filme O estado das coisas, em 1982. Em seguida, discuto a possibilidade de compreender as imagens cinematográficas como um desafio ao debate acerca da representação tal como ele se desenvolveu no período inicial da filosofia moderna: por um lado, elas são criadas arbitrariamente, tais como aquelas que são produzidas pelo uso da imaginação; por outro, assemelham-se aos dados sensíveis mais fortes e involuntários que tomamos ordinariamente como cópias das coisas tais como existem no mundo fora da mente. Nesse sentido, poder-se-ia dizer, em termos humeanos, que tais imagens contém propriedades tanto de ideias da imaginação quanto de impressões dos sentidos. Por fim, argumento que o emprego da tecnologia 3D em Pina representa um ataque ao paradigma representacional no cinema, na medida em que o filme de Wenders pressupõe que o cinema obtém a sua qualidade estética não do fato de copiar a “realidade”, mas antes da força sensível das próprias imagens.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call