Abstract

O ponto de partida da Philosophia prima de Hobbes tem como referência a Física e a Metafísica de Aristóteles. O desenvolvimento posterior de sua Philosophia prima, porém, põe em marcha uma crítica da metafísica aristotélica que conduzirá a um remanejamentoteórico de uma série de princípios e conceitos herdados da tradição. Considerada em seu conjunto, a filosofia primeira hobbesiana é constituída por uma definição ampla, isto é, a metafísica definida como ciência do ente enquanto ente (ao invés da clássica definição de ciência do ser enquanto ser), sobre a qual duas definições strictu sensu são erigidas: a metafísica como física geral - dizer o ente (ens) é dizer o corpo (corpus) - e a metafísica como representação. Este paper é um esforço no sentido de compreender essas e outras questões concernentes aos estudos hobbesianos sobre a forma como conhecemos o mundo, as coisas e nós mesmos.

Highlights

  • A substituição da ciência universal do ser por uma ciência universal do corpo dá as feições da Philosophia prima hobbesiana e isso ocorre mediante um procedimento que podemos chamar redução ôntica e que consiste no seguinte: dizer o ser é a mesma coisa que dizer o ente e dizer o ente é a mesma coisa que dizer o corpo: “O ens designa tudo o que ocupa um espaço, quer dizer que pode ser avaliado em comprimento, extensão e profundidade

  • A partir dessa definição, é claro que ens é a mesma coisa que corpus” (De Mundo, p. 312)

  • Essa passagem da Critica do 'De Mundo' evidencia que já nos primeiros escritos de Hobbes havia a ideia da philosophia prima como metafísica do corpo tal qual encontraremos posteriormente desenvolvida no Leviathan e no De Corpore

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Summary

Delimitando o escopo da philosophia prima

Por ocasião de uma obra recentemente descoberta na Bibliotèque Nationale de France (Paris) e que ficou conhecida como Crítica do De Mundo de Thomas White (Anti-White)[2] foi possível constatar o ponto de partida tradicional[3] das reflexões metafísicas de Hobbes bem como a subsequente reviravolta teórica em que ele elabora uma metafísica em conformidade com a estrutura geral de um sistema. O nome esse significa o fato mesmo da inerência de um acidente, qualquer que seja, a um corpo (...) o nome ens é positivo, pois nomeia um imaginabile, uma coisa que pode cair sob uma ideia; mas o esse pertence também à ordem do concebível, não enquanto ele seria uma coisa existente da qual eu possa ter um conceito, mas enquanto ele é o modo qualquer sob o qual toda coisa existente é concebida” O que podemos saber a respeito dos corpos é da ordem do conhecimento e não da ordem da essência.[6] Considerando que em Hobbes o termo corpo é definido como aquilo que existe de forma independente do pensamento, o que subsiste por si mesmo, surge imediatamente a seguinte indagação: como podemos conhecer a realidade corpórea das coisas que existem no mundo se não temos acesso cognitivo — direto ou intuitivo — aos próprios corpos? Outros conceitos fundamentais além de espaço e tempo que são da competência da filosofia primeira são os seguintes: corpo e acidente, causa e efeito, poder e ato, identidade e diferença

Filosofia primeira como representação
AS REPRESENTAÇÕES COGNITIVAS
As Representações Ópticas
Da óptica antiga à óptica moderna
Hobbes e as causas físicas da luz
Obras de Hobbes
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