Abstract
Sou uma enfermeira brasileira e tenho trabalhado como professora e pesquisadora nos Estados Unidos da América (EUA) nos últimos nove anos. Minha linha de pesquisa está focada na Saúde Mental e sua relação com a cultura, mais especificamente a depressão entre mães e crianças de origem latina e de baixa renda que vivem em áreas rurais do estado da Flórida. O foco desta pesquisa é consistente com a redução das disparidades em saúde em minorias de baixa renda, uma meta do programa “Healthy People – 2010”(1). Os resultados da minha pesquisa devem contribuir com os dados de Saúde Mental apresentados nos Principais Indicadores de Saúde 2010(1). Em concordância com a abordagem da Pesquisa Ação, a minha pesquisa busca envolver a participação ativa dos membros da comunidade (professores, pessoas ligadas a igrejas, profissionais do departamento de saúde pública e mães da comunidade onde atuamos) em todas as etapas do projeto. Além disso, dois outros pesquisadores também fazem parte do meu grupo de pesquisa; sendo uma psicóloga infantil e uma professora especializada em ensino bilíngue.O processo de transição para a vida nos EUA tem sido desafiador, uma vez que meu coração permanece no Brasil. A tecnologia, entretanto, permite-me o privilégio de manter frequentes contatos e colaboração com colegas brasileiros que trabalham na universidade e na área assistencial. Meu objetivo neste editorial é destacar tópicos atuais de pesquisa que merecem atenção e promover a discussão entre enfermeiros.Obviamente os enfermeiros brasileiros têm enfrentado as complexidades do cuidado à saúde do século XXI e trabalhado na geração de professionais com pensamento mais crítico e na formação de pesquisadores que continuarão nesta trajetória. Um estudo recente sobre a pesquisa da enfermagem Latino-Americana apontou que os enfermeiros brasileiros são os mais produtivos na publicação de artigos em periódicos de enfermagem Latino-Americanos(2). Em 2007, ao participar do Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn – Brasília), fiquei impressionada ao ver a participação maciça de alunos (graduação e pós graduação) apresentando seus trabalhos. Segundo Mancia et al(3) desde 2001 mais de 50% dos participantes do CEBEn são estudantes. Isto mostra claramente que a cultura da pesquisa está se iniciando precocemente no processo educacional e tem uma sólida fundamentação na enfermagem profissional. Estes são avanços positivos e interessantes.Acredito que a discussão dos três temas seguintes poderá contribuir para o avanço de nossa missão profissional: 1) pesquisa focada no cliente, 2) agenda formal de pesquisa em enfermagem, e 3) estímulo a pesquisas interdisciplinares. Evidências obtidas a partir de pesquisas de intervenções inovadoras, focadas no cliente, podem incrementar substancialmente a contribuição para a prática baseada em evidências. Sequencialmente, pergunto: qual a estratégia atual para a construção de uma agenda formal de pesquisa em enfermagem para as diferentes regiões do Brasil? Tal agenda pode servir como uma ferramenta importante para orientar a pesquisa em enfermagem e sua aplicação, reconhecendo as diferenças sociais, econômicas e culturais em um país nas dimensões do Brasil. Uma agenda formal pode também gerar mudanças positivas no campo político e social da profissão. Finalmente, parece que a maior parte das pesquisas em enfermagem e das publicações no Brasil são produtos de colaboração entre colegas enfermeiros e estudantes de enfermagem, apesar do importante papel da colaboração interdisciplinar como parte de nosso modelo teórico de enfermagem. Minha experiência em pesquisa continua a me ensinar o valor da colaboração interdisciplinar. Ao longo do tempo, entretanto, aprendi que para promover a sustentabilidade dos programas de saúde e a transformação social da comunidade, o trabalho colaborativo com os clientes é de valor inestimável considerando que eles são os verdadeiros agentes de mudança.Como sabemos, as mudanças em qualquer profissão exigem uma profunda discussão, planejamento e ação. Espero que os temas aqui apresentados possam ser úteis para fortalecer este processo. REFERÊNCIAS1. Healthy People 2010 [Internet]. Washington, DC: US Department of Health and Human Services (USA) [cited 05 out 2009]. Available from: http://www.healthypeople.gov.2. Mendoza-Parra S, Paravic-Klijn T, Muñoz-Muñoz AM, Barriga OA, Jiménez- Contreras E. Visibility of Latin American nursing research (1959–2005). J Nurs Scholarsh. 2009;41(1):54–63.3. Mancia JR, Padilha MICS, Ramos FRS, Cordova FP, Amaral NV. Congresso Brasileiro de Enfermagem: sessenta anos de história. Rev Bras Enferm. 2009;62(3):471-9.
Highlights
O processo de transição para a vida nos Estados Unidos da América (EUA) tem sido desafiador, uma vez que meu coração permanece no Brasil
Finalmente, parece que a maior parte das pesquisas em enfermagem e das publicações no Brasil são produtos de colaboração entre colegas enfermeiros e estudantes de enfermagem, apesar do importante papel da colaboração interdisciplinar como parte de nosso modelo teórico de enfermagem
Espero que os temas aqui apresentados possam ser úteis para fortalecer este processo
Summary
O processo de transição para a vida nos EUA tem sido desafiador, uma vez que meu coração permanece no Brasil. A tecnologia, entretanto, permite-me o privilégio de manter frequentes contatos e colaboração com colegas brasileiros que trabalham na universidade e na área assistencial. Meu objetivo neste editorial é destacar tópicos atuais de pesquisa que merecem atenção e promover a discussão entre enfermeiros.
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