Abstract
A principal bandeira de denúncia do movimento negro brasileiro desde o fim da década de 1970 é o genocídio da juventude negra. Ele tem se mostrado atual e vem ganhando evidências por meio de novas formas de atuação e em razão dos avanços de políticas sociais em regimes democráticos, principalmente a partir da década de 1990 e das mudanças paradigmáticas do modo de produção capitalista. O processo mais recente de democratização do país, com a conquista da constituição cidadã a partir de 1988, é marcado por contradições, avanço do neoliberalismo, ameaças à democracia brasileira e aumento dos índices de violência, em que o jovem negro da periferia se tornou o “inimigo do Estado”. Utilizando o conceito de colonialidade do poder, de Quijano, e o de necropolítica, defendido por Mbembe, procuramos compreender a práxis política de coletivos culturais das periferias da cidade de São Paulo que, ao tensionar as estruturas do Estado a partir de alternativas de sociabilidade, propõem um novo sentido à esfera pública. Para um entendimento do protagonismo negro na formação histórico-social do Brasil, faz-se necessário adentrarmos ao modo de produção escravista, no qual a questão racial se dá com o colonialismo e os conflitos de classe entre escravizados e senhores. Moura chama de quilombagem as estratégias de negação ao sistema escravista por parte dos escravizados. Hoje, essa prática se atualiza com os coletivos periféricos.
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