Abstract

Neste trabalho, Talal Asad reflete sobre a política no Egito contemporâneo e sua relação com a tradição islâmica. Tendo como pano de fundo a revolução egípcia de janeiro de 2011 e seus acontecimentos ulteriores, nomeadamente a hostilidade contra a Irmandade Muçulmana e seus apoiantes, o antropólogo olha não só para as imbricações entre a perspectiva secular moderna e o islã, mas essencialmente para os aspectos dessa tradição religiosa que, segundo os secularistas, são incompatíveis com o Estado soberano moderno. Assumindo uma posição crítica no que concerne à prática e ao discurso modernos – que visam enfraquecer a tradição islâmica –, Asad explora as possibilidades de reintegração dessa tradição no caminho democrático egípcio pós-2011, mas usando-o apenas como modelo de como os Estados liberais podem beneficiar de um tipo de corporização de costumes e princípios éticos oferecidos pela tradição.

Highlights

  • Neste trabalho, Talal Asad reflete sobre a política no Egito contemporâneo e sua relação com a tradição islâmica

  • Talal Asad reflects on politics in contemporary Egypt and its relationship with Islamic tradition

  • Assuming a critical stance on modern practice and discourse – aimed at undermining Islamic tradition – the author explores the possibilities of reintegrating this tradition into the post-2011 Egyptian democratic path but using it only as a model for how liberal states can benefit from a kind of embodiment of customs and ethical principles offered by tradition

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Summary

Sobre o conceito de tradição

Usei o termo tradição em meus escritos de duas maneiras: primeiramente, como um espaço teórico para levantar questões sobre a autoridade, o tempo, o uso da linguagem e a corporização; e, em segundo lugar, como um arranjo empírico no qual a materialidade e a discursividade estão conectadas por meio das particularidades da vida quotidiana. Para Wittgenstein, a tradição representa, para alguém que não a tem, o objeto de um desejo inalcançável – a condição de pertencer a outro, de ser aceito como tal por ele ou ela, esperando, por intermédio da amizade, aprender (e construir) a conhecer-se. Mesmo quando se propõe uma reforma, existe uma suposição, implícita ou explícita, de que a essência da tradição – o que é entendido como essencial para ela – não deve ser alterada, mas defendida através da purificação e do processo de separação entre o contingente e o essencial. Os discursos e atos que fundam uma tradição não são exaustivos, porque os eventos subsequentes, a partir de sua interpretação e desenvolvimento, tornam-se parte dessas fundações. Com certeza que nem todos os estados liberais são idênticos, mas partilham algo que lhes permite ser identificados como

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Imbricações entre a perspectiva secular moderna e a tradição islâmica
As idiossincrasias do Estado soberano moderno e a importância da tradição
74 Global Democracy
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