Abstract

Introdução: Os sem-abrigo têm um risco aumentado de doenças da pele. A permanência na rua, associada a cuidados de higiene e alimentação desadequados, a elevada prevalência de comportamentos aditivos e de patologia psiquiátrica torna esta população mais suscetível a doenças dermatológicas.
 O objectivo do trabalho foi fazer uma observação dermatológica, sempre que possível completa, dos sem-abrigo acompanhados pelo Projeto de Intervenção com os Sem-Abrigo do Concelho de Coimbra. Em caso de ser identificada patologia dermatológica, aquisição da terapêutica instituída ou orientação para consulta de Dermatologia. Em todos os casos sensibilização e educação para a importância dos cuidados com a pele.
 Material e Métodos: O estudo teve lugar entre 24 de fevereiro de 2018 e 19 de janeiro de 2019 avaliando utentes, voluntariamente inscritos, a residir em centros de acolhimento temporários de Coimbra (CAIS, Farol, Casa Abrigo Padre Américo) e apoiados pela equipa de rua Reduz, pelo Centro Municipal de Inserção Social e pelas associações Sol Nascente e VHIDA +. Além da observação dermatológica, eram recolhidos dados demográficos, peso, altura e os antecedentes pessoais (ex.: doença mental, comportamentos aditivos, infeção VIH). Alguns participantes preencheram ainda o questionário Dermatology Life Quality Index (DLQI).
 Resultados: As 111 pessoas avaliadas tinham uma média de idades de 47,0 anos, sendo 83,8% do sexo masculino, maioritariamente solteiros (60,7%) ou divorciados (29,9%), de nacionalidade portuguesa (86,5%) e com baixa escolaridade (63,9% com habilitações até ao 6º ano). As doenças de pele mais observadas foram eczemas, tinea pedis, onicomicose, dermatite seborreica e calosidades. Dos 54 sem-abrigo observados que preencheram o DLQI, a maioria (85,1%) referia pouco ou nenhum efeito sobre a sua qualidade de vida.
 Conclusão: A maioria das situações que encontrámos eram ligeiras e facilmente tratáveis, o que associamos aos bons cuidados de alimentação e higiene existentes nos centros de acolhimento temporários, bem como à articulação existente entre estas unidades e os cuidados de saúde primários. Os nossos dados foram obtidos numa população de sem-abrigo sem casa, a residir em alojamentos temporários, e não serão certamente representativos da patologia dermatológica que poderíamos encontrar numa população de sem-abrigo sem teto, onde a permanência na rua, associada a cuidados de higiene e alimentação desadequados, se traduziria certamente, quer em maior prevalência quer em maior gravidade da patologia dermatológica.

Highlights

  • The homeless population has a higher risk for skin diseases

  • Most dermatoses were of mild severity and easy management, certainly due to the relatively good and healthy food and adequate hygiene care that we could observe in the homeless shelters, together with the very good connection among these units and the primary health care services

  • Our data were obtained from a homeless population living in a temporary residence and, thereby, they could not be representative of the dermatoses that could be found in the street homeless population, where poor hygiene and eating habits may lead to a higher prevalence and severity of skin diseases

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Summary

Artigo Original

Bárbara Fernandes[1], Bárbara Ferreira[2], Marina Vaquinhas3 1Serviço Dermatologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, Coimbra, Portugal 2Serviço Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal 3Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Coimbra, Portugal. A permanência na rua, associada a cuidados de higiene e alimentação desadequados, a elevada prevalência de comportamentos aditivos e de patologia psiquiátrica torna esta população mais suscetível a doenças dermatológicas. O objectivo do trabalho foi fazer uma observação dermatológica, sempre que possível completa, dos sem-abrigo acompanhados pelo Projeto de Intervenção com os Sem-Abrigo do Concelho de Coimbra. Dos 54 sem-abrigo observados que preencheram o DLQI, a maioria (85,1%) referia pouco ou nenhum efeito sobre a sua qualidade de vida. Os nossos dados foram obtidos numa população de sem-abrigo sem casa, a residir em alojamentos temporários, e não serão certamente representativos da patologia dermatológica que poderíamos encontrar numa população de sem-abrigo sem teto, onde a permanência na rua, associada a cuidados de higiene e alimentação desadequados, se traduziria certamente, quer em maior prevalência quer em maior gravidade da patologia dermatológica. PALAVRAS-CHAVE – Doenças da Pele; Pessoas em Situação de Rua; Populações Vulneráveis

Dermatological Pathology in a Homeless Population
Homens Mulheres
Findings
Verrugas virais
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