Abstract

Objetiva discutir a tensão entre redundância e inovação, na informação televisiva, do movimento musical tropicalista. Epistemologicamente, adota uma perspectiva interdisciplinar entre a Ciência da Informação e a Comunicação Social, explorando, mais particularmente, duas vertentes teóricas que lhes são comuns, em graus variados: a Teoria da Informação e a Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura. Metodologicamente, trata-se de pesquisa teórica e bibliográfica que estabelece um diálogo entre a Teoria da Informação, em sua apropriação por Augusto de Campos, no artigo Informação e redundância na música popular, e a Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura, mormente mediante seu desenvolvimento na Dialética do gosto, de Marco Schneider. Nessa perspectiva, situa o debate em torno do componente estético-informacional da Tropicália, no contexto da indústria cultural brasileira do fim dos anos 1960 e problematiza o modo como ela participa na conformação da informação midiatizada tropicalista. A problemática principal dá-se em torno da possibilidade do caráter de vanguarda ou de inovação do movimento musical nos palcos dos programas de auditório da TV da época. A questão de fundo é saber como a indústria cultural, apesar de sua tendência dominante à redundância, possibilitou ampla circulação de informação inovadora, na música popular brasileira, no período analisado. Sem ignorar a autonomia relativa e, portanto, a agência dos artistas tropicalistas, trabalha com a hipótese de que seu caráter inovador foi favorecido pelo estágio liberal e concorrencial do capital midiático de então, mais aberto à inovação do que as fases subsequentes, monopolistas e fictícias.

Highlights

  • Embora a televisão brasileira não operasse no sistema de satélites e parabólicas nos tempos dos festivais de 67 e 68, e sim, no comércio e transporte de videotapes, a metáfora de parabolicamará é propícia ao estudo da estética tropicalista

  • Portanto, nesse movimento que Augusto de Campos supunha um inconformismo altamente instigante e uma revolução nas leis da redundância tendencialmente vigentes para a música popular subsumida à indústria cultural

Read more

Summary

Introdução

A canção Parabolicamará, composta por Gilberto Gil, em 1992, arranha nas entrelinhas a proposta deste trabalho. Embora a televisão brasileira não operasse no sistema de satélites e parabólicas nos tempos dos festivais de 67 e 68, e sim, no comércio e transporte de videotapes, a metáfora de parabolicamará é propícia ao estudo da estética tropicalista. A crescente “infomaré”, do final dos anos 1960, marcada pela convergência de correntes nacionais e internacionais, tradicionalistas ou inovadoras, promovida em grande parte pelo desenvolvimento tecnológico da televisão e o consequente crescimento de sua popularidade como indústria cultural no Brasil, antecipa alguns dilemas informacionais de ordem estética, política e teórica que a metáfora de Gil viria a sintetizar anos depois. A articulação entre ambos os focos deverá produzir um quadro geral do complexo de determinações dialéticas que possibilitou o advento do fenômeno tropicalista em sua especificidade estética, bem como sugerir uma via de investigação que pode mostrar-se útil para o estudo de outros objetos informacionais, pensados em. Termos estéticos ou não e em contextos sócio-históricos distintos, incluindo o atual

Teoria infocomunicacional da reificação para pensar a Tropicália
Economia política e Teoria da Informação: uma proposta de diálogo
Considerações finais
Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call

Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.