Abstract
O artigo busca fornecer algumas indicações sobre como situar o Brasil no Antropoceno. Pergunta-se: como ler as ruínas do Antropoceno brasileiro a partir de desastres recentes? O objetivo geral é aferir a dimensão traumática do Antropoceno Mineiro a partir da catástrofe-crime de Mariana. Os objetivos específicos são, portanto, delinear os contornos do Antropoceno Mineiro, conectando-os com a teoria do trauma cultural de Alexander (2012) e a dinâmica entre valores e sofrimento em Joas (2013). Investigou-se dois documentos – "Estudo e sistematização dos danos morais individuais e coletivos para processo de indenização/reparação dos atingidos e atingidas pela barragem de rejeitos da Samarco Mineração S.A. (Vale e BHP Billiton) em Mariana-MG" e o livro-reportagem “Vozes e silenciamentos em Mariana: crime ou desastre ambiental?”, que foram lidos com as lentes da teoria do trauma cultural, das interpretações do Antropoceno e suas vozes no interior das ciências humanas e de contribuições, especialmente decoloniais, que desconstroem entendimentos hegemônicos sobre a relação sociedade-natureza na modernidade. Propõe-se a indissociabilidade entre Antropoceno e as catástrofes; destaca-se a relevância do trauma cultural como um elemento importante na compreensão dos impactos catastróficos; habilita-se uma "leitura de ruínas" para mensurar impactos em tragédias. A importância desta pesquisa reside em explorar esta camada pouco aferida no dimensionamento das catástrofes tecnológicas contemporâneas. A partir dos documentos, conclui-se que existe um processo ativo em curso para estabelecer a catástrofe-crime de Mariana como um trauma cultural – sobretudo no que diz respeito ao descentramento moral, expansão de sensibilidade e na solidificação do evento na memória pública. Além disso, a análise dos documentos demonstra ser viável a leitura das ruínas do Antropoceno brasileiro a partir da centralidade do trauma cultural.
Highlights
The article seeks to provide some indications on how to situate Brazil in the Anthropocene
The analysis of two documents shows that they are valid for reading the ruins of the Brazilian Anthropocene from the centrality of cultural trauma
Investigamos dois documentos, lidos com as lentes da teoria do trauma cultural, das interpretações do Antropoceno e de contribuições decoloniais
Summary
Para ler as ruínas do Antropoceno mineiro: catástrofe-crime e trauma cultural em Mariana. Pergunta-se: como ler as ruínas do Antropoceno brasileiro a partir de desastres recentes? O objetivo geral é aferir a dimensão traumática do Antropoceno Mineiro a partir da catástrofe-crime de Mariana. Propõe-se a indissociabilidade entre Antropoceno e as catástrofes; destaca-se a relevância do trauma cultural como um elemento importante na compreensão dos impactos catastróficos; habilita-se uma. A partir dos documentos, conclui-se que existe um processo ativo em curso para estabelecer a catástrofe-crime de Mariana como um trauma cultural – sobretudo no que diz respeito ao descentramento moral, expansão de sensibilidade e na solidificação do evento na memória pública. A análise dos documentos demonstra ser viável a leitura das ruínas do Antropoceno brasileiro a partir da centralidade do trauma cultural.
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have
Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.