Abstract

Os aplicativos se tornaram ferramentas centrais nas interações contemporâneas, fabricando diversos tipos de consumo, inclusive o consumo de afetos. Apesar do inegável crescimento do mercado do amor, sustendo pelos algoritmos, argumento que estes não fazem mágica por si só. Com base em pesquisa empírica com mulheres solteiras ou divorciadas entre 35-47 anos, procuro demonstrar que a cultura do amor romântico sustenta o mercado de aplicativos. A pesquisa contou com uma etnografia no aplicativo Tinder, com a realização de um curso online que busca pela profissionalização da paquera e observação participante em uma página fechada do Facebook. Os resultados apontam que a “fórmula do amor”, criada pelos matemáticos e inserida nos smartphones, não existe em um vácuo social; a crença no amor romântico e a illusio no casamento como ideário de felicidade, ajudam, em diálogo com o mercado de autoajuda, a sustentar o mercado de afeto virtual. Tem como inspiração teórica insights da sociologia econômica e conceitos de Pierre Bourdieu

Highlights

  • Os aplicativos se tornaram ferramentas centrais nas interações contemporâneas, fabricando diversos tipos de consumo, inclusive o consumo de afetos

  • “Como estou carente, sou facilmente envolvida com alguém que escreve “bom dia” todos os dias, pergunta como foi meu dia e me dá boa noite” (Fisioterapeuta, 35); “Estamos nos conhecendo faz uma semana, mas ele já me chama de amor [...]

  • Apesar de se sentirem empoderadas financeiramente e politicamente, algumas mulheres passam a culpar sua profissão pelo então fracasso afetivo: “De que me serve tanto poder no trabalho, ser a melhor na minha cidade, se eu não tenho uma companhia para dividir uma pizza no sábado à noite?” (Fisioterapeuta, 35 anos)

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Summary

Introdução

Para além do senso comum romântico, que atribui o encontro de um casal de apaixonados ao acaso, no decorrer dos séculos a sociedade tem. A abordagem que enfatiza a performatividade dos aplicativos – considerados por estes como representantes máximos da lógica econômica –, na sociabilidade, tem sido bem aceita entre os estudiosos de algoritmos e aplicativos para afeto, os quais se inspiram, sobretudo, em Eva Illouz (2011). Esse argumento tem influenciado fortemente autores brasileiros, como Pelúcio (2017), para quem: As emoções moduladas pela lógica dos algoritmos matemáticos vão traçando combinações entre pares, nos colocando frente a formas de organizarmos a exposição de quem somos e de nossos interesses, muito próxima àquelas que regem as dinâmicas do mercado. Concordando com Steiner (2019), a presente pesquisa identificou a circulação de informações entre ofertante e demandante que reforçam a “fórmula do amor”, tais como a crença no amor romântico que traz em seu bojo o casamento como felicidade e o encontro da alma gêmea como objetivo último; identificou, ainda, que essas crenças são incorporadas e divulgadas pelo mercado de autoajuda afetiva

O amor e o amor romântico como crença
O amor romântico nas Ciências Sociais
Segredos do Empoderamento: curso para encontrar a alma gêmea
Sobre os conteúdos
Página do Facebook: manutenção do poder de conquista
Felicidade como reconhecimento social e masculino
Amor como amor romântico
Amor e profissão
Desinteresse pelo coletivo
Amor romântico como crença nutritiva da “fórmula do amor”
Conclusão
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