Abstract

Este ensaio tem como objetivo propor uma leitura da peça Savannah Bay, de Marguerite Duras, como uma espectropoética, isto é, concebida como modo de trabalhar o elemento espectral em sua composição via procedimentos sonoros e imagéticos específicos. Pautada pela fragmentação sonora, pela polifonia, pela duplicação vocal e figural, esta peça teria como traço fundamental a ênfase na dimensão auditiva e no universo acústico das operações características de meios sonoros, o que resultaria na criação de zonas de tensão entre temporalidade e espacialidade, matéria sonora das palavras e imagem. Para além da camada semântica, aqui a voz é pensada não apenas com a força de choque de um objeto material, mas também como o lugar de uma ausência que, nela, se transforma em presença. Esta espectropoética se configuraria então como exercício de experimentação vocal e de escuta marcado por traço lacunar, por reduplicações, ressonâncias e espelhamentos que caracterizaria a indeterminação da ausência-presença como procedimento formal privilegiado desta dramaturgia.

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