Abstract

É reconhecido por vários autores o carácter visual da escrita do artista português Almada Negreiros (1893-1970), mas as múltiplas derivações e interpretações que daí podem surgir têm ainda muito por explorar. Neste artigo procuro fazer algumas dessas interpretações sobre o intercâmbio entre o pictórico e o literário que ocorre na obra de Almada Negreiros, com ênfase precisamente no intercâmbio, isto é, não notando meramente a criação de imagens visuais literárias — o que tem sido o foco dos estudos literários — mas entendendo que a escrita de Almada deriva de uma concepção de vanguarda e de arte assente no primado da visão e que a sua prática e teoria pictóricas determinam a sua escrita. Por outro lado, abordarei também a revisitação que faz em pintura da sua obra literária. Mais do que um diálogo entre duas artes, o pictórico e o literário em Almada estão profundamente interligados e a obra daqui resultante constitui-se um exemplo da inventividade que resultou da ruptura de fronteiras entre as artes operada pelas vanguardas do início do século.

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